
O governo do Estado assinou na quinta-feira (7) uma iniciativa considera inédita no Brasil para a mobilidade, a logística e o turismo. Em ato realizado no Palácio Piratini, o governador Eduardo Leite oficializou a primeira autorização do país para a implantação, operação e exploração privada de uma ferrovia estadual destinada ao transporte de passageiros. A linha ligará Porto Alegre a Gramado, cruzando 19 municípios, com expectativa de que entre em operação no ano de 2032.
O investimento estimado em R$ 4,5 bilhões será totalmente viabilizado pela iniciativa privada, em um novo modelo de parceria público-privada no setor de transportes. A outorga tem validade de 99 anos e foi concedida à empresa Sultrens, que agora entra na fase de detalhamento dos projetos executivos e de captação dos investidores.
“Muda um paradigma no Estado, pois nós temos uma característica de ter na região da Serra Gaúcha uma forte vocação turística, o que nos dá essa viabilidade econômica. O volume de turistas de fora do Estado, com disponibilidade para pagar o valor de uma passagem de trem, ajuda a viabilizar esse modal, reduzindo e até eliminando a necessidade de aportes públicos”, destacou o governador.
A nova ferrovia pretende resgatar o modal ferroviário de passageiros no trecho, com infraestrutura moderna, segura e sustentável. Os trens serão do tipo híbrido (elétrico e diesel), com alta tecnologia embarcada, conforto similar ao de voos internacionais e padrão de operação semelhante aos serviços ferroviários dos Estados Unidos e Europa.
De acordo com o administrador da Sultrens, Renato Ely, os veículos serão equipados com Wi-Fi, banheiro, cozinha a bordo, poltronas confortáveis e sistema especial de frenagem para garantir segurança nos trechos de serra – que somam 800 metros de desnível até Gramado. “É um trem projetado com motor em todos os eixos, capaz de enfrentar subidas íngremes com segurança e conforto. Será uma experiência turística única no Brasil”, destacou.
A implantação do projeto ferroviário também terá impacto na geração de empregos e renda para o Estado. Estima-se a criação de mais de 22 mil postos de trabalho entre empregos diretos, indiretos e induzidos – sendo 21,3 mil na fase de implantação e 1,4 mil na operação.
Além disso, a ferrovia pormete trazer benefícios logísticos e ambientais, como a redução de acidentes nas rodovias, diminuição da emissão de CO e integração logística entre capital e Serra Gaúcha.
O projeto atende às diretrizes estratégicas do governo estadual e conta com análises técnicas e jurídicas da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e da Secretaria de Logística e Transportes (SELT) ao longo de mais de um ano. A SELT também será responsável pela fiscalização da concessão, com relatórios trimestrais.
Próximos passos
A previsão da Sultrens é de que o serviço comece a operar em sete anos. O prazo contempla as fases de detalhamento técnico, licenciamento ambiental, aquisição de áreas, implantação da infraestrutura, aquisição dos trens e testes operacionais.
“Essa jornada que envolve desde as desapropriações, que eventualmente sejam necessárias, até os processos de licenciamento. Naturalmente, o Estado deve designar equipes pr para acompanhar o projeto e, assim que esses processos começarem a entrar nessa etapa de licenciamento, daremos capacidade e celeridade para eles”, ressaltou Leite.
A ferrovia atravessará 19 municípios, mas terá influência em 22, unindo a capital gaúcha à segunda região turística mais visitada do Brasil. O percurso passará por áreas urbanas, serranas e turísticas. Entre os desafios técnicos estão 27 cruzamentos rodoferroviários, 15 pontes e viadutos (incluindo um viaduto ferroviário sobre a Freeway/BR-290) e 9 túneis.
Municípios do trajeto:
- Porto Alegre
- Canoas
- Cachoeirinha
- Gravataí
- Esteio
- Sapucaia do Sul
- São Leopoldo
- Novo Hamburgo
- Campo Bom
- Dois Irmãos
- Sapiranga
- Araricá
- Parobé
- Taquara
- Morro Reuter
- Nova Hartz
- Igrejinha
- Picada Café
- Santa Maria do Herval
- Três Coroas
- Gramado
- Canela
Fonte: Guilherme Sperafico / Correio do Povo