
Quando a Super Quarta estiver encerrada, com os comunicados do Federal Reserve sobre a taxa de juros nos Estados Unidos e Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central emitir seu comunicado, o mercado aposta na manutenção da taxa básica de juros atuais nos dois mercados. Na última decisão, o comitê brasileiro já havia sinalizado que os juros permaneceriam na faixa dos 15% por um período prolongado, refletindo preocupações persistentes com a dinâmica inflacionária. Nos Estados Unidos, a projeção é de manutenção no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano.
“Hoje, observamos dois vetores distintos. De um lado, temos a inflação mais bem comportada, especialmente nos preços de alimentos e bens industriais. Por outro, os preços dos serviços continuam bastante pressionados, o que exige cautela por parte da autoridade monetária”, comenta Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Gestora de Recursos.
Ela aposta que o Copom deve manter a atual postura contracionista da política monetária. “Não há expectativa de alteração na taxa de juros, tampouco sinalizações de cortes no curto prazo – por enquanto não tem espaço para ele fazer essa indicação”, diz.
Entretanto, para Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, um novo elemento surgiu nesta reunião: as tarifas anunciadas pelos Estados Unidos. “A expectativa do mercado é de manutenção. Isso já está, de certa forma, precificado, então qualquer corte ou nova alta seria uma surpresa. Mas os analistas ainda buscam entender como o Banco Central vai interpretar esse cenário”, avalia Cunha.
“É importante destacar que, no caso brasileiro, há preocupação com o possível impacto inflacionário das tarifas e uma eventual fuga de capital que, até o momento, não está acontecendo. O mercado, por ora, tem reagido com cautela, mas pode se tornar mais sensível conforme os desdobramentos. Nesse contexto, o Banco Central pode vir a ser pressionado a adotar medidas”, complementa Cunha.