
Os próximos dias já seriam movimentados em termos de precificação dos ativos, com a bateria de indicadores econômicos e a divulgação dos balanços do segundo trimestre da maioria das Big Techs nos EUA já agendaste para o período. Entretanto, calhou de ser também principalmente uma semana decisiva da guerra tarifária promovida pelo presidente dos EUA, Donald Trump, com o deadline para a entrada em
vigor, a partir de sexta-feira (1º), das tarifas anunciadas ao longo de julho.
Além disso, os investidores vão monitorar as pressões da Casa Branca sobre o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) para a redução imediata da taxa de juros. O FOMC (sigla em inglês para Comitê Federal de Mercado Aberto) do BC americano realiza, na quarta-feira, 30, nova reunião de decisão
de juros, em paralelo a indicadores importantes para a condução da política monetária que serão divulgados ao longo da semana, como os dados do mercado de trabalho de julho, a primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA do segundo trimestre e o índice de PCE de junho — o indicador de
inflação preferido do Fed.
Com a expectativa de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano também na próxima quarta-feira, 30, no Brasil, os investidores locais estarão mais focados no dia seguinte: se as tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras aos EUA, anunciadas por Trump, vão realmente entrar em vigor a partir do dia 1º.
“Até o momento, o governo brasileiro enfrenta dificuldades de interlocução para conversas de alto nível com a Casa Branca, o que torna o cenário ainda mais sombrio — sobretudo diante da exigência político-jurídica de Trump, fora do alcance do Executivo, de interrupção do processo por tentativa de golpe de
Estado do ex-presidente Jair Bolsonaro como pré-condição para iniciar negociações com o Brasil”, diz Leandro Manzoni, analista da plataforma Investing.com.
Houve, na última semana, alguns ensaios que dão uma remota luz no fim do túnel quanto à possibilidade de negociações para, ao menos, o adiamento da vigência das tarifas, mas sem a concretização de qualquer formalização. O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou ter conversado, no fim de semana passado, com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. Já o embaixador interino dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, declarou, na última quinta-feira, 24, que seu país tem interesse nos minerais de terras raras do Brasil, especialmente lítio e nióbio.
A maioria dos acordos comerciais com os EUA já anunciados — Reino Unido, Vietnã, Indonésia, Filipinas e Japão — também deve passar por teste de fogo. Há rumores na imprensa de que houve entrave no entendimento burocrático do acordo com o Japão. Diplomatas da União Europeia afirmam que um acordo está próximo, mas, ao mesmo tempo, há uma preparação para votação de medidas retaliatórias no Parlamento Europeu contra as importações americanas para o bloco. Já o acordo com o Canadá deve ser a formalização das tarifas de 35% anunciadas, de acordo com Trump.
Na segunda-feira, 28, o dia é menos intenso, com o Boletim Focus e os dados de Empréstimos Bancários de junho no Brasil. No dia seguinte, 29, começa a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) aqui no Brasil. Na quarta-feira, 30, além da decisão da taxa de juros no Brasil e nos EUA, serão divulgados, nos EUA, a geração de empregos privados em julho pela ADP e o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, enquanto, no Brasil, será publicado o IGP-M de julho — índice de correção dos aluguéis.
Na quinta-feira, 31, além dos pedidos semanais de seguro-desemprego nos EUA, será conhecido o índice de inflação preferido do Fed de junho. No Brasil, será divulgada a taxa de desemprego do trimestre encerrado em junho, além dos dados do setor público do mês anterior.
Na sexta-feira, 1 de agosto, é dia de payroll e da taxa de desemprego dos EUA. No Brasil, a produção industrial de junho começa a fechar os dados do segundo trimestre da atividade econômica no país.
Na agenda corporativa, as atenções estão voltadas para os balanços do segundo trimestre das Big Techs americanas, como Apple, Amazon.com, Meta Platforms e Microsoft. No Brasil, os destaques são os resultados financeiros do período de Bradesco, Santander Brasil, Ambev, Vale, CSN e Gerdau.