
A Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro deflagrou nesta quarta-feira a Operação Vistoria, que visa desarticular um esquema coordenado por um despachante e funcionários de Centros de Registro de Veículos Automotores (CRVAs) em Porto Alegre. Foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão nas residências e locais de trabalho dos suspeitos. Mais de 70 policiais civis participaram da ofensiva.
A investigação teve início após análises de conversas no WhatsApp entre o despachante e pelo menos 13 funcionários de CRVAs. De acordo com a Polícia Civil, os diálogos evidenciam o recebimento sistemático de vantagens indevidas para a realização de fraudes em procedimentos vinculados ao Detran.
Ainda segundo apuração policial, foram constatados os seguintes crimes: aprovação de vistorias veiculares sem a devida conferência técnica, acesso indevido a dados internos do sistema de registro veicular; aceleração irregular de trâmites administrativos mediante pagamentos e inserção de informações falsas em processos de transferência de propriedade.
De acordo com o delegado titular da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro, Guilherme Calderipe, os valores eram repassados por transferências via Pix. Ele adiciona que, nas conversas, os envolvidos chamavam o pagamento irregular de “cafezinho”, ou seja, o esquema era habitual e
contínuo.
“O material probatório aponta para um funcionamento paralelo dentro da estrutura dos CRVAs, em que servidores estabeleciam relações promíscuas com despachantes, trocando favores administrativos por pagamentos diretos”, afirmou o delegado Guilherme Calderipe.
Calderipe destaca que, até o momento, não há qualquer indício de envolvimento dos titulares credenciados dos CRVAs. “As condutas ilícitas investigadas concentram-se exclusivamente em vistoriadores contratados que atuavam na linha de frente da prestação dos serviços e se aproveitavam da função para auferir ganhos pessoais”, disse o titular da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro.
Conforme o diretor do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Dercap), delegado Cassiano Cabral, a operação decorre de um inquérito mais amplo e que apura, também, o uso de revendas de veículos como mecanismo de lavagem de dinheiro.
“Identificamos uma rede de suspeitos que utilizava a função pública para fins ilícitos, comprometendo a credibilidade de serviços essenciais à população. A sistematização do comportamento corrupto por parte dos servidores causa espécie e será fortemente reprimida”, afirmou Cassiano Cabral.
Marcel Horowitz/CP