Mobilizados em mais de 40 pontos, agricultores prometem paralisar rodovias gaúchas na próxima sexta

Na pauta, a mobilização pelo avanço no Congresso do projeto de lei da securitização, que pode beneficiar afetados por tragédias climáticas

Foto: Luciane Agazzi / Arquivo pessoal / CP

Agricultores se preparam para uma mobilização estadual na próxima sexta-feira, em que prometem paralisar o trânsito em rodovias gaúchas. Na pauta do movimento, a reivindicação pela securitização, ou seja, a conversão em títulos do Tesouro Nacional das dívidas de financiamentos anteriores dos produtores rurais, cujas propriedades estão em municípios que decretaram situação de emergência ou calamidade pública, ou ainda cujas perdas nas lavouras a partir de tragédias climáticas estão atestadas por laudo técnico.

O pagamento, neste caso, seria em um período maior, até em 20 anos, com juros, porém permitindo ao agricultor ter acesso ao crédito rural. Apesar do apoio de caminhoneiros, a Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Rio Grande do Sul (Fecam RS) disse não ter relação com a série de protestos. A intenção é pressionar pela aceleração da aprovação da proposta no Congresso do chamado projeto de lei (PL) 320/25, de autoria do senador Luiz Carlos Heinze, da securitização.

No último dia 20, a Comissão de Agricultura do Senado aprovou a proposta, que seguiu à Comissão de Assuntos Econômicos. Em grupos, eles afirmam já estar mobilizados permanentemente em mais de 40 pontos do interior do Rio Grande do Sul, como nos municípios de São Pedro do Sul, Coxilha, São Sepé, Cruz Alta, Tio Hugo, Formigueiro, Bagé, Garruchos, Vila Maria e Alegrete, entre outros.

Há locais em que, na sexta-feira o comércio não funcionará por algumas horas, como em Ibirubá, onde o protesto recebeu apoio da Associação Comercial, Industrial, Prestação de Serviços e Agropecuária de Ibirubá (Acisa). Há locais onde a passagem será livre somente de caminhões de coleta de leite, cargas vivas, além de veículos da saúde e ambulâncias.

Em outros, somente estes dois últimos. “O protesto será no dia 30, porque será a data que vencerá a maioria dos financiamentos que negativarão os CPFs de milhares de agricultores. Muitos já estão negativados, e o restante entrará agora. São cinco anos sem colher produtos para pagar os financiamentos, não é por falta de trabalhar, não é por falta de esforço, é por falta de chuva”, relatou a agricultora Luciane Agazzi.

“Se pararmos, a produção de alimentos vai diminuir drasticamente no Estado, e vão aumentar ainda mais os custos nos supermercados”. As mobilizações começaram no último dia 13, e “têm aumentado a cada semana”. “São organizados unicamente por agricultores, movimento de base, sem cunho político, unicamente para salvar a economia do Estado. O governo do Estado está omisso, não está defendendo a agricultura de maneira devida”, disse ela. A Casa Civil foi procurada para comentar sobre as mobilizações, e um retorno é aguardado.