A área da Gastronomia entra no segundo semestre de 2025 com apostas no cardápio: foco em comida saudável, redescoberta de ingredientes regionais e a tecnologia cada vez mais presente na cozinha. Para o coordenador de Gastronomia do UniSenac – campus Porto Alegre, Leonir Martello, o setor precisa estar atento às mudanças do que vai — e do que não vai — para o prato do consumidor.
“As tendências na gastronomia continuam alinhadas com hábitos de consumo saudáveis. A cozinha baseada no aumento do consumo de vegetais e aproveitamento integral de alimentos, voltados para a sustentabilidade e a saúde do cliente, por exemplo”, afirma Martello. Segundo ele, o comfort food volta a ser valorizado, “trazendo pratos afetivos com apresentações diferenciadas e também as novas experiências sensoriais com pratos temáticos e harmonizados”.
O coordenador também observa um fortalecimento das práticas culinárias regionais. “Vemos o resgate de técnicas culinárias regionais, com uso de ingredientes locais, fornecidos por pequenos produtores localizados próximos aos restaurantes, tornando a cadeia produtiva mais curta”.
A preocupação com saúde, bem-estar e restrições alimentares influencia diretamente o comportamento do consumidor. “Isso está demonstrado no crescimento da Gastronomia sem alergênicos, na valorização de alimentos funcionais com propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e probióticas”, explica Martello. Inclusive, ele aponta que a legislação brasileira busca apoiar esta tendência, deixando os rótulos dos alimentos com mais informações voltadas à saúde do consumidor.
Sabores do mundo
Quanto às cozinhas internacionais, algumas ganham destaque neste período. Segundo Martello, isso inclui a cozinha africana e afro-diaspórica – pratos, técnicas e ingredientes criados e desenvolvidos por africanos e seus descendentes que foram dispersos pelo mundo. Também cresce a “fusão latino-asiática, que mistura sabores marcantes e frescor, das cozinhas Nikkei, Chifa, e a própria cozinha coreana e peruana”. Outras influências incluem o Oriente Médio moderno, com uso de ingredientes como za’atar, tahine, romã, coalhadas e vegetais grelhados. E ainda, ele destaca a cozinha dos imigrantes, que mistura culturas, territórios e histórias pessoais, a exemplo da Serra Gaúcha do Rio Grande do Sul.
Sustentabilidade e tecnologia também se mostram como vetores importantes na forma de produzir e servir alimentos. Ele destaca o uso de inteligência artificial para gestão de desperdício, além do uso de equipamentos tecnológicos (forno combinado, robô Thermomix, entre outros) que diminuem o desperdício e os tempos de preparo com qualidade e precisão.
O reaproveitamento de sobras de forma criativa e segura, além do uso de embalagens biodegradáveis, inteligentes ou comestíveis, também reforçam essa tendência. “A Gastronomia está em transformação constante, e quem atua na área precisa estar atento a essas mudanças, que vão muito além do sabor”, conclui Martello.