Líder do tráfico está isolado na Pasc após sobreviver a ataque com faca e “briga por dinheiro” com facção

Conhecido como Pequeno, apenado está na ala de triagem da penitenciária de segurança máxima em Charqueadas após ter sido esfaqueado dentro da unidade no início de maio

Detento de alcunha Pequeno foi esfaqueado dentro da Pasc, mas sobreviveu e agora está em cela isolada na unidade | Foto: João Pedro Rodrigues/Ascom SSPS / CP

O apenado conhecido como Pequeno retornou à Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Ele foi esfaqueado por outros detentos no interior da unidade em 8 de maio, mas sobreviveu e teve alta hospitalar no dia seguinte.

A motivação do ataque estaria relacionada à negativa dele em ceder a outros comparsas os proventos de um lucrativo esquema de jogos de azar em Cachoeirinha, onde Pequeno é apontado como liderança do crime organizado.

“Querem meu dinheiro”, teria dito o próprio às autoridades.

Desde que voltou para a casa prisional, Pequeno segue isolado em uma cela na ala de triagem. Antes do atentado, ele estava recolhido na mesma galeria dos integrantes de uma facção oriunda do bairro Bom Jesus, na zona Leste de Porto Alegre, mas não é descartado que o espaço dele ali tenha acabado.

A partir do cruzamento de informações da Polícia CivilBrigada Militar e Polícia Penal, é possível estimar que a partilha de dinheiro provocou um racha entre membros da mesma organização criminosa.

Outro fator que pode ter contribuído para o desgaste interno seria a insatisfação de Pequeno com as outras lideranças, além da percepção destas sobre uma provável saída dele do grupo.

Enquanto o futuro de Pequeno na estrutura da quadrilha ainda é nebuloso, as forças de segurança monitoram se haverá, ou não, qualquer consequência da briga entre muros em ruas e bairros na Região Metropolitana de Porto Alegre. Um dos principais focos de atenção é a Vila da Paz, base de Pequeno em Cachoeirinha.

Esquema de caça-níqueis

Os relatórios apontam que Pequeno teria mantido um rentável projeto de máquinas caça-níqueis em Cachoeirinha. Somado ao montante gerado com as apostas, o sistema também seria uma eficiente ferramenta para lavar dinheiro oriundo do tráfico de narcóticos e de outros negócios ilícitos.

Acontece que a cúpula das facções costuma exigir “contribuições” de seus quadros para efetuar a compra de armas e financiar ataques a rivais, entre outras atividades relacionadas ao submundo do crime. Pequeno teria recusado ceder os caça-níqueis para esse fim.

É consenso entre as polícias que a tentativa de homicídio na Pasc teve mandante. A maior parte das suspeitas recaiu sobre um detento de apelido Cabelo, considerado líder da facção em Canoas, mas ele teria negado envolvimento nos fatos. Outra liderança, vulgo Dieguinho, também pode ter dado aval ao plano.

Além deles, há os dois apenados que foram responsáveis por executar o ataque contra Pequeno, mas eles também não forneceram pistas aos investigadores. A dupla foi enviada à ala de segurança máxima da Pasc, por 90 dias.

Relembre o ataque na Pasc

Pequeno foi atacado às 8h11min, no dia 8 de maio, a golpes de estoques e chutes. Conforme as autoridades penitenciárias, o crime ocorreu em um refeitório no momento em que os detentos das galerias 1ª e 2ª da Pasc estavam no turno do banho de sol.

Teria havido ali um desentendimento e um preso de alcunha Bilu teria atacado Pequeno com um estoque, desferindo golpes em seu pescoço.

Um terceiro apenado, vulgo Xuxa, teria dado vários chutes em Pequeno após este cair no chão.

Pequeno foi levado ao Hospital Vila Nova, na zona Sul da Capital, mas sem correr risco de vida.

No último dia 18 de abril, Pequeno, considerado um dos criminosos mais procurados do Rio Grande do Sul, foi preso em Xangri-Lá, no Litoral Norte. A ação foi da Delegacia de Capturas, vinculada ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil.