Emergências dos hospitais de Canoas registra ocupação de 530% nesta terça-feira

Sistema de saúde público de Canoas opera muito acima da capacidade normal; cenário se mostra ainda mais preocupante diante das baixas temperaturas que ainda estão por vir

Foto: Divulgação HNSG

A taxa de ocupação do setor de emergência dos hospitais Nossa Senhora das Graças (HNSG) e de Pronto Socorro, que opera nas dependências do Graça, em Canoas, era de 530% nesta terça-feira. Já no Hospital Universitário (HU) a ocupação era de cerca de 80%. Segundo a diretora do HNSG, Daniela Oliveira, o número de atendimentos na emergência dos hospitais que atuam em conjunto é considerado muito acima da capacidade normal. O cenário se mostra ainda mais preocupante diante das baixas temperaturas que ainda estão por vir. Canoas é referência para mais de 150 municípios gaúchos.

Conforme a diretora, a procura por atendimento aumentou nos últimos dois ou três dias e, segundo ela, não se trata apenas de casos com síndromes respiratórias. Tem pacientes com traumato e oncologia. Conforme Daniela, as equipes estão tentando redistribuir os pacientes e vão abrir mais oito leitos até o fim da semana, quando ser concluída a reforma de um quarto.

De acordo com a prefeitura, o HNSG vem abrindo leitos, fazendo mutirões e reorganizando alguns processos para desafogar o atendimento. Nessas últimas semanas foram reabertos 24 leitos que estavam fechados, depois de reformas nos quartos. Outros 36 leitos serão reabertos.

Na semana passada, um grupo de trabalhadores que atua no Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) bloqueou parte da emergência em ato de protesto a uma série de problemas que recai sobre a categoria. Os trabalhadores reclamam de atraso salarial, férias em atraso, três meses sem o pagamento do piso da enfermagem, falta de FGTS, rescisão em atraso, falta de funcionários, 40 pacientes para dois técnicos, sobrecarga de trabalho, falta de insumos e de uniformes.

O diretor do Sindisaúde-RS, Arlindo Ritter, que representou a categoria e foi porta voz dos trabalhadores, criticou a ausência do acordo coletivo e da precariedade das relações de trabalho. “Os atrasos de salários são corriqueiros, há muitos pacientes para poucos técnicos. Isso dificulta o trabalho dos profissionais e coloca em risco a vida dos pacientes, podendo levar a óbito.” Há relatos de falta de ataduras para fazer curativos e pacientes amontoados.

O prefeito de Canoas, Airton Souza, garante que tem buscado um alinhamento com o governo do Estado para garantir o custeio mais justo da saúde em Canoas. “Neste formato atual, Canoas não consegue comportar todos os serviços e o atendimento de pacientes de tantos municípios do interior, mas estamos avançando nas conversas com o Estado para chegar a um equilíbrio. Enquanto isso, estamos tomando todas as medidas para atender as pessoas que procuram nossos hospitais e UPAs: abrimos leitos, fizemos mutirões em várias especialidades, contratamos clínicas particulares para reduzir as filas, reorganizamos a gestão da saúde. Estamos trabalhando sem parar para trazer melhorias para a nossa população.”

Além disso, Canoas também está mobilizada, em conjunto com os municípios integrantes do Consórcio da Associação dos Municípios da Região Metropolitana da Grande Porto Alegre (Granpal), para buscar junto aos governos estadual e federal o repasse mais apropriado de verbas para o sistema de saúde da região. Os municípios da região pleiteiam mais incentivos estaduais para hospitais públicos municipais; distribuição de recursos proporcionalmente de acordo com a população de cada cidade; melhor complementação das tabelas do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE) do Rio Grande do Sul.

Também reivindicam por composição de recursos de acordo com a perda de arrecadação relacionada às enchentes de 2024; e a criação de uma câmara de compensação financeira para o ressarcimento dos municípios que atendem demanda espontânea de moradores de outras cidades, entre outras demandas. Todas essas medidas, se acatadas, resultariam na melhoria substancial do atendimento de saúde em todos os hospitais canoenses.

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