Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), com base em números da Secex, apontam que as exportações do setor somaram 39 milhões de pares e US$ 349 milhões no primeiro quadrimestre do ano, resultados superiores tanto em volume (+9,7%) quando em receita (+1,5%) em relação ao mesmo período do ano passado. No recorte mensal, no entanto, foram registrados revezes de 5,5% em pares e de 12,4% em receita, com 7,5 milhões de pares e US$ 79,23 milhões.
O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, ressalta que o ambiente internacional instável teve impacto nos resultados, em especial nas exportações para os Estados Unidos. Segundo Ferreira, os resultados de abril mostram que “o impacto da incerteza é, ao menos no curto prazo, mais significativo do que os espaços de oportunidade”.
“A queda para os Estados Unidos, em abril, pode ser explicada pela bolha de crescimento de importações registrada desde o final do ano passado, acima da dinâmica do consumo interno. Muitos importadores anteciparam suas compras e embarques de modo a evitar as esperadas sobretaxas aos calçados chineses, garantindo menores custos e elevando o nível dos estoques”, explica o dirigente, destacando que o efeito deve perdurar por um período de ciclo de redução dos estoques e, consequentemente, as importações norte-americanas.
PRINCIPAL DESTINO
Tendo ultrapassado os Estados Unidos como principal destino internacional do calçado brasileiro em 2025, a Argentina importou, no quadrimestre, 4,65 milhões de pares, que geraram US$ 77,82 milhões, incrementos tanto em volume (+54,1%) quando em receita (+25,6%) em relação ao mesmo intervalo de 2024. No recorte de abril, as importações argentinas de calçados verde-amarelos somaram 1 milhão de pares e US$ 16,94 milhões, incremento de 4,4% em volume e queda de 18% em valores em relação ao mesmo mês do ano passado.
Na segunda colocação entre os destinos estão os Estados Unidos, que importaram 3,53 milhões de pares brasileiros por US$ 67,36 milhões no quadrimestre, incremento de 1,7% em volume e queda de 6,3% em receita ante o mesmo período do ano passado. No recorte de abril, as importações norte-americanas de calçados brasileiros somaram 600 mil pares e US$ 12,64 milhões, quedas de 26% e 27%, respectivamente, ante o mês correspondente de 2024.
O maior exportador de calçados do Brasil segue sendo o Rio Grande do Sul. No quadrimestre, as fábricas gaúchas enviaram ao exterior 11,48 milhões de pares por US$ 165,5 milhões, incremento de 3,3% em volume e queda de 1,8% em receita ante o mesmo período de 2024.
IMPORTAÇÃO
O crescimento das importações de calçados, em especial da Ásia, segue preocupando a indústria calçadista nacional. Dados elaborados pela Abicalçados apontam que, somente em abril, entraram no Brasil 3,6 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 46,6 milhões, incrementos de 41,2% em volume e de 69,3% em receita na relação com o mesmo período de 2024. No acumulado do ano, as importações somaram 16,5 milhões de pares e US$ 188,9 milhões, altas tanto em volume (+28,3%) quanto em receita (+23,4%) em relação ao mesmo intervalo do ano passado.
No mês de abril, as principais origens das importações foram a China (1,16 milhão de pares e US$ 2,5 milhões, incremento de 3,3% em volume e queda de 25,4% em receita na relação com abril passado), Vietnã (951,58 mil pares e US$ 19,74 milhões, incrementos de 62% e 83%, respectivamente, ante abril de 2024) e Indonésia (742 mil pares e US$ 14,35 milhões, incrementos de 152,7% e 192,5%, respectivamente, ante abril de 2024).
Os mesmos países também despontam como as principais origens no quadrimestre: China, com 6,4 milhões de pares e US$ 16,38 milhões, incremento de 15% em volume e queda de 1% em receita no comparativo com igual período do ano passado; Vietnã, com 4,32 milhões de pares e US$ 85 milhões, incrementos de 25% e 20,8%; e Indonésia, com 3,12 milhões de pares e US$ 51,33 milhões, aumentos de 74% e 68,9%.
Em partes de calçados – cabedais, solados, saltos, palmilhas etc -, as importações do quadrimestre somaram US$ 15,25 milhões, 20,7% mais do que no mesmo período de 2024. As principais origens foram China, Paraguai e Vietnã.