
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) registrou alta pelo terceiro mês consecutivo em junho. Mas o saldo positivo de 1,4% não foi suficiente para recuperar as perdas acumuladas em relação ao ano passado. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 26, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo o levantamento, o Icec atingiu os 105,9 pontos, o que representa uma queda de 3,7% em relação ao período equivalente de 2024. O componente com a pior avaliação continua sendo Condições Atuais da Economia, que evoluiu 3,9% frente a maio, mas segue 13,6% abaixo do patamar registrado um ano atrás.
Ainda assim, as condições atuais, que englobam também o julgamento sobre o setor e as empresas, apresentaram melhora de 2,7% nos últimos 30 dias. Na visão dos entrevistados, a conjuntura está mais propícia agora do que em maio: alta de 2,2% na percepção sobre o próprio negócio e de 2,4% sobre o mercado de atuação.
OTIMISMO
A análise dos subíndices daquilo que é esperado para o futuro revela otimismo. A soma deles, representada pelo quesito Expectativas, cresceu 1,3% no mês, com as três subcategorias (empresa, setor e economia) em curva ascendente na classificação.
Com isso, as intenções de investimento também subiram, fechando o mês em +0,7%. Os aportes deverão ser destinados, principalmente, para a contratação de funcionários (+0,9%) e a ampliação das empresas (+0,9%), além da formação dos estoques (+0,4%). O componente que mede a disposição do varejo de reforçar as equipes foi, inclusive, o único com saldo positivo, na variação anual, de 0,4%.
“Os dados mostram que os empresários vêm retomando gradualmente a confiança, especialmente em relação ao curto prazo, apesar do cenário desfavorável, composto pelo crédito restrito e juros elevados que impactam a disposição para investir. A recuperação ainda é tímida e desigual entre as diferentes categorias do comércio”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
SEGMENTO
Entre os segmentos analisados, o varejo de bens não duráveis, como supermercados, farmácias e lojas de cosméticos, teve o maior recuo na confiança setorial no ano (-5,0%), mesmo com crescimento mensal de 1,7%.
“O dado agregado não mostra as nuances, mas o segmento de roupas, calçados e acessórios, por exemplo, melhorou em 3% a intenção de contratação de novos funcionários, em relação a junho de 2024, indo contra o recuo nos outros segmentos. Já os comerciantes de eletrônicos e móveis lideram a alta mensal das expectativas para o setor, com 2,4%, mas acumulam perdas no ano, principalmente em condições atuais do comércio, com -8,1%. Essa combinação indica que alguns setores já ensaiam uma recuperação mais consistente”, avalia o economista da CNC João Marcelo Costa.