A Polícia Civil contabilizou, nesta sexta-feira, 158 vítimas de um homem, 36 anos, apontado como o maior predador sexual do Rio Grande do Sul. Antes disso, a última atualização do número, na terça-feira, era 127, todos crianças e adolescentes. Morador de Taquara, o investigado está preso desde janeiro. Ele teria praticado crimes ao longo dos últimos 16 anos. Não é descartado que o homem tenha cometido abusos contra mais de 700 vítimas, entre oito e 13 anos.
O pedófilo atuava por meio de perfis falsos nas redes sociais. Segundo a polícia, ele fingia ser uma menina para criar laços de amizade digital com crianças, depois, as convencia a enviar fotos de nudez. Em posse das imagens, o homem então passava a fazer chantagens para obter mais conteúdos do tipo, chegando a passar orientações sobre posição do corpo e ângulo da câmera para fotos e filmes. Ele também utilizava os materiais para forçar encontros, sob a ameaça de os divulgar caso a vítima não quisesse ir até o local indicado.
A investigação aponta que, por vezes, o criminoso chegou a sustentar a identidade falsa ao longo de anos, até criar uma relação de confiança com as vítimas. Em um dos casos, ele fingiu ser menina por um período de quase cinco anos em que manteve conversas virtuais com uma criança. De acordo com o delegado Valeriano Garcia Neto, parte dos abusos ocorria na casa do criminoso ou em uma loja de aquários na área central de Taquara. O estabelecimento vende peixes exóticos e costuma receber excursões escolares.
“O preso é dono de uma loja que vende animais exóticos. O local recebe turmas de colégio para visitação, ocasião em que ele também aproveitava para tentar persuadir alunos e alunas”, diz Garcia, titular da DP de Taquara. Ainda conforme o delegado, outras vítimas também eram cooptadas em aulas de música e treinos de artes marciais.
O ciclo de abusos só chegou ao fim no início deste ano, quando uma menina de 13 anos, colega de Muay Thai do investigado, alertou os pais, que procuraram a polícia. Na terça-feira, esse caso gerou a condenação dele, na 1ª Vara de Garantias de Porto Alegre, por estupro de vulnerável.
A prisão do investigado, em janeiro, ocorreu durante um mandado de busca, quando houve a apreensão de 750 pastas com pornografia infantil na casa dele. Na época, o homem foi detido em flagrante, mas teve a prisão convertida em preventiva pouco tempo depois.
