O IBGE divulga as 9h desta quinta-feira, 26, o IPCA-15 de junho, a prévia da inflação oficial do Brasil. A expectativa do mercado é que continue a desaceleração do índice, que começou em março na base mensal, recuando o avanço de 0,36% em maio para 0,3%. Na base anual, o IPCA-15 de junho teria a segunda desaceleração seguida, de 5,4% para 5,31%, ainda bem acima do teto superior da meta de inflação (4,5%). Analistas projetam que o IPCA-15 de junho tenha uma alta de 0,31%, acumulando 5,32% em 12 meses. É uma estimativa acima do consenso do mercado
Conforme a plataforma Investing.com, os preços mais baixos de alimentos, sazonalmente menores nesta época do ano, e a redução do preço da gasolina pela Petrobras no início do mês são os principais fatores para a desaceleração. O dado de junho não deve ser, entretanto, motivo de alívio para o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, dias 29 e 30 de julho.
“A inflação cheia mostra desaceleração na margem, mas os núcleos e o setor de serviços ainda apontam para um nível elevado, incompatível com a meta de 3%”, avalia Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, que prevê arrefecimento no núcleo de serviços de 0,45% em maio para 0,4% em junho – com desaceleração da alimentação fora do domicílio e menor pressão de serviços de lazer. Porém, a projeção de Costa é de uma alta anual de 6,6% neste segmento.
Na estimativa da Warren Rena, a inflação de serviços deve subir 0,45% em maio para 0,52% neste mês, com avanço de 6,56% para 6,69% na base anual. “Já a média dos núcleos deve apresentar moderação, com alta de 0,34% em junho, após registrar 0,41% no mês anterior”, diz a Warren Rena, em linha com a projeção da Monte Bravo Investimentos.
ALÍVIO
Os grupos alimentação e bebidas, transportes e saúde e cuidados pessoais influenciam na desaceleração do IPCA-15 de junho, na avaliação da Warren Rena. “Dentro do grupo [alimentação], destaca-se a queda nos preços de aves e ovos, devido ao excesso de oferta interna em função da gripe aviária, com projeção de -1,02% em junho, após uma leve alta de 0,05% em maio”, destacam as economistas André Angelo e Julia Galli em relatório, que preveem deflação de 0,21% em alimentação para este mês. “Nossa expectativa é que ocorra deflação nos itens in natura como frutas e hortaliças, arroz, feijão e ovos de galinha”, destaca o Banco Daycoval.
O recuo de 5,6% do preço da gasolina, anunciado no início do mês pela Petrobras, também contribui para a desaceleração da prévia da inflação em junho. Outro fator de contribuição é a valorização do real em relação ao dólar. “Vimos desaceleração de preços de eletroeletrônicos e higiene pessoal nas últimas medidas de de inflação de maio”, diz a Warren Rena. “Nossa expectativa é de nova deflação em eletrodomésticos e no subgrupo TV, som e computador”, projeta o Banco Daycoval.
A carne bovina continua exercendo pressão altista na inflação brasileira. A Warren Rena projeta alta de 0,71% no subgrupo em junho, contra avanço de 0,46% observados em maio. O item passagens áreas também é vilão do dado de junho do IPCA-15, que vai deixar o terreno deflacionário e deve subir 8%, segundo a Warren Rena.
Outro vilão é o preço da energia elétrica. O clima mais seco, característico no meio do ano, levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a adotar a bandeira tarifária vermelha 1, o que adiciona um custo extra às contas de luz. A Warren Rena espera, inclusive, que a bandeira vermelha patamar 2 seja adotada em julho, o que vai reforçar o aumento de preço nas contas de luz.
A Warren Rena projeta que o IPCA-15 de junho tenha uma alta de 0,31%, acumulando 5,32% em 12 meses. É uma estimativa acima do consenso do mercado, semelhante à projeção da Monte Bravo Investimentos, que prevê uma alta de 0,32% no IPCA-15 de junho e um avanço de 5,3% no acumulado de 12 meses.