
A superlotação nas emergências adultas de Porto Alegre atingiu níveis ainda maiores nesta quarta-feira do que no restante da semana, com o Hospital São Lucas da PUCRS com 320% de ocupação, com mais de três vezes sua capacidade, com dez operacionais e 32 ocupados, enquanto o Hospital de Clínicas (HCPA) apresentava um índice de 300%, ou 46 operacionais e 138 ocupados. Já a Santa Casa tinha 264%, 74 ocupados para 28 em operação. Os dados são do painel da ocupação das emergências públicas, mantido pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
Conforme divulgou o HCPA nesta quarta, “a condição exige a utilização no limite máximo de todos os recursos materiais e humanos disponíveis, levando à priorização de casos de maior gravidade e risco de vida para atendimento”. “Esta situação compromete nossa capacidade de atender em tempo hábil os pacientes de menor gravidade. Claro que sempre vamos priorizar aqueles que, pela classificação de risco, parecem mais arriscados, e isso acaba comprometendo os tempos de espera dos demais”, avaliou o médico emergencista e chefe da Unidade Vermelha do HCPA, Rafael Nicolaidis.
Ele reforçou o pedido para que a população procure serviços de pronto atendimento e unidades básicas de saúde em casos de menor gravidade. “Estamos solicitando o apoio interno, e também de hospitais de retaguardas, das entidades reguladoras e da Central de Leitos, para que consigamos dar fluxo para os pacientes e conseguir ter um ambiente menos saturado”, acrescentou. Apesar de o Estado ter um aumento de casos de dengue, não é apenas esta ou uma doença específica que explica a superlotação, comentou o médico.
“Há uma variedade muito grande aqui de pacientes com condições crônicas agudizadas, pacientes oncológicos mais agudos, transplantados, AVC, entre outros.” Nicolaidis disse ainda ver “com grande preocupação” os próximos dias e semanas, após questionado sobre o avanço das temperaturas baixas. “A dengue tende a diminuir com a chegada do frio, mas, em compensação, vamos ter aquele aumento sazonal de casos de doenças respiratórias, então vamos precisar desta vazão para que o pronto socorro tenha a capacidade de atender com segurança e qualidade em relação à demanda que vai surgir”.
Nos pronto atendimentos, a situação não é diferente. A Moacyr Scliar tinha 341% de superlotação, com 56 leitos de enfermaria adultos ocupados. Na Lomba do Pinheiro, havia 250% de ocupação, enquanto na Bom Jesus, a lotação no começo da tarde de quarta era de 246%. A situação era um pouco mais tranquila, mas ainda com ocupação alta, no PA da Cruzeiro do Sul, com índice aferido de 161%.