Maioria dos atacadistas gaúchos ainda precisa se recuperar do efeitos das enchentes de 2024

Resultado consta da Sondagem do Segmento Atacadista da Fecomércio-RS

Crédito: Freepik

Mesmo depois de quase um ano das enchentes, os desafios do setor Atacadista permanecem para parte relevante dos negócios. Com a maior parcela dos atacadistas (74,5%) tendo sido impactados de alguma forma, a sondagem Sondagem do Segmento Atacadista da Fecomércio-RS identifica que ainda mais da metade dos entrevistados (58,9%) não estavam recuperados plenamente – apenas 13,2% estavam quase totalmente recuperados e 28,3% parcialmente, enquanto para 17,4% a retomada ainda era bastante limitada. Muitos negócios continuam impactados em função da crise, com destaque para perda de clientes (34,8%), redução de faturamento (33,5%) e dificuldades financeiras (21,6%).

“Se a edição anterior apontava a descapitalização dos negócios e dos sócios para fazer frente ao impacto da tragédia, essa rodada nos mostra um estágio de recuperação ainda não completado. Diante da incerteza atual e o cenário econômico mais adverso, a marca da tragédia pesa ainda mais sobre a capacidade dos negócios se tornarem mais competitivos, sobretudo aqueles sem estrutura sólida de gestão”, comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.

Entre algumas características levantadas, a sondagem mostra que 21% misturavam as finanças da empresa e dos sócios, 19,5% não tinham controle informatizado de vendas e estoques e 36,3% não vendia por canais digitais, sendo que 26,2% não demonstra interesse nessa estratégia. Na autoavaliação sobre a situação financeira atual das empresas, apesar de pouco mais da metade (55,6%) considerar uma situação positiva, para 36,4%, a situação era regular – mantendo operações, mas com desafios financeiros – e, para 8%, as finanças não estavam bem: 6,2% tinha dificuldades para honrar compromissos (situação ruim) e 1,8% indicava uma situação crítica (muito ruim), com risco de insolvência ou fechamento.

A avaliação vem em linha com as consequências de uma dinâmica recente do faturamento em que não predomina uma percepção positiva, com frustração de expectativas para 53% dos entrevistados. Segundo a avaliação dos empresários, 42,6% consideram o desempenho das vendas nos últimos seis meses regular (42,6%) e 17,4% consideraram ruim; 40% avaliaram como no mínimo bom (30,1% “bom”, 7% “muito bom”, 2,9% “excelente”). Também sobre o momento atual, de custos em alta nos últimos seis meses, a maioria do segmento (72,8%) reporta repasse ao varejo, sendo, sobretudo, de forma parcial (51,2%).

Para o futuro, o cenário econômico brasileiro esperado pelas empresas gaúchas do segmento não é favorável, predominando expectativa de piora nos próximos seis meses (57,1%); 24,7% esperam estabilidade e 18,3% esperam melhora. Para a economia gaúcha, a expectativa é menos negativa, mas não chega a ser positiva: 38% esperam piora nos próximos seis meses, 40% esperam estabilidade e 22,1% esperam melhora.

Ainda assim, a projeção para a força de trabalho nos próximos seis meses é de diminuição para 6,2%, consideravelmente menor que os 23,6% que esperam ampliação; 67,5% esperam manutenção do contingente de trabalhadores. A expectativa sobre a força de trabalho vem mais alinhada com a perspectiva para o próprio negócio: 46,5% esperam melhora das vendas para os próximos 6 meses; 40,5% esperam que fiquem estáveis; 13% ainda preveem uma piora. Menos da metade dos entrevistados (45,2%) pretendem investir nos próximos meses.

PESQUISA

A Sondagem do Atacado faz um levantamento sobre as principais características dos negócios do segmento, identificando o perfil em termos de estrutura, finanças, gestão e estratégia das vendas. O panorama geral do segmento identifica que 81,3% atuam a mais de 10 anos no mercado, com quase metade (47,3%) contando com no máximo cinco pessoas trabalhando (22,9% tinham de 6 a 10 pessoas na força de trabalho e 29,9% contavam com mais de 10 pessoas).

O levantamento também captura a heterogeneidade das atividades atacadistas, com as maiores participações na amostra sendo dos segmentos máquinas, equipamentos e ferramentas (20%), produtos alimentícios e bebidas 19,5% e outros três segmentos com 10,1% cada (insumos agropecuários; materiais de construção e ferramentas; vestuário calçados e têxteis). Em termos de porte do estabelecimento, por faturamento, 44,7% são pequenas empresas, 26,5% médias, 24,2% microempresas e 4,7% têm porte grande. Sobre endividamento, 44,7% referem não usar crédito comercial ou de instituições financeiras; 30,6% têm nível baixo de endividamento, 16,6% moderado, 6,2% alto e 1,8% crítico. Os tipos de crédito mais usados pelo setor são em compra de estoques (31,4%), utilizando crédito comercial (com fornecedores) e para capital de giro (26,2%) junto a instituições financeiras.