Termina no final da tarde desta quarta-feira, 18, a quarta reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir a nova taxa básica de juros do país, a taxa Selic. Analistas consideram que este tende a realizar um último aperto monetário de 25 pontos-base, para 15% ao ano. Apesar de o resultado da inflação de maio (0,26%) ter representado uma surpresa positiva ficando abaixo do verificado em abril (0,43%) é importante considerar que a missão de ancorar as expectativas inflacionárias futuras ainda está em andamento.
“No cenário doméstico, o crescimento robusto observado ao longo do primeiro trimestre de 2025, aliado ao desempenho consistente do mercado de trabalho, sugere que o hiato do produto — indicador que mede a diferença entre o produto efetivo (PIB observado) e o produto potencial (PIB que a economia poderia produzir com pleno emprego dos fatores de produção) — poderá ser revisto pela própria autoridade monetária para cima, e não para baixo. Esse entendimento tende a sustentar o nível de atividade econômica, o que pode gerar pressões adicionais sobre os preços”, avalia a equipe econômica do Banrisul.
Entretanto os analistas acreditam que a escalada dos conflitos no Oriente Médio, bem como as questões fiscais domésticas, deverão ser avaliadas e debatidas pela autoridade monetária, podendo influenciar — de forma decisiva — a deliberação do colegiado.
OPOSTO
Já Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, acredita que o Copom vai definir pela manutenção dos 14,75% atuais. Apesar da surpresa positiva do IPCA de maio, o BC deve considerar esse comportamento no curto prazo como um sinal positivo, mas ainda insuficiente para justificar uma flexibilização da política monetária neste momento.
“Apesar de os juros já estarem em patamares elevados, o Banco Central deve adotar uma postura cautelosa e o comunicado da reunião deve manter um tom levemente hawkish, reforçando a necessidade de manter os juros elevados por mais tempo para consolidar a trajetória de queda da inflação e ancorar as expectativas. É provável que o Copom reforce o caráter “dependente de dados” da política monetária, indicando que novas decisões dependerão da evolução dos indicadores fiscais, da atividade econômica e da inflação, principalmente a núcleo. Além disso, o ambiente internacional ainda impõe riscos, sobretudo com a política externa menos previsível sob a presidência de Donald Trump nos Estados Unidos, que pode afetar o câmbio e os preços das commodities!, comenta.
Para as próximas decisões, segundo Jeff, o aumento ou ajuste depende dos dados econômicos que sairem ao longo dos meses, o atual ciclo de aperto monetário está sendo severo, e os efeitos completos desse ajuste ainda estão sendo absorvidos pela economia. Caso os dados de inflação continuem surpreendendo positivamente, como ocorreu em maio, abre-se uma possibilidade de início de corte no primeiro trimestre de 2026. “Por outro lado, se houver pressões inflacionárias inesperadas, especialmente vindas do mercado de trabalho ou do câmbio, não está descartada uma possível elevação para 15% ainda em 2025. Particularmente acredito em altas antes do fim do ciclo, mas irá depender bastante de como as medida da atuis de aumento de IOF serão tratadas pelo congresso”, defende ele.
Diante da Selic elevada, os investimentos em renda fixa continuam sendo a principal estratégia de proteção e geração de retorno real para o investidor, ativos pós-fixados, como o Tesouro Selic, CDBs de liquidez diária e fundos referenciados DI, permanecem atrativos, especialmente para reservas de emergência ou objetivos de curto prazo. Já para horizontes de médio a longo prazo, os títulos atrelados ao IPCA, com vencimentos entre 5 a 8 anos, são boas oportunidades para travar taxas reais elevadas, especialmente se o investidor acredita em queda futura da Selic e consegue manter o título até o vencimetno. Por outro lado, investimentos em ativos de maior volatilidade, como fundos multimercado agressivos e ações de empresas muito sensíveis ao crédito e à atividade doméstica, devem ser tratados com cautela. A combinação de juros altos, inflação ainda fora da meta e incertezas externas pode gerar turbulência nos mercados de risco. Também é prudente, conforme Jeff, evitar títulos prefixados de vencimento muito longo sem proteção contra inflação ou instrumentos com baixa liquidez, dado o risco de marcação a mercado negativa em caso de choques adversos.
“O cenário atual exige do investidor uma postura estratégica, com foco em ativos de boa previsibilidade, prazos intermediários e atenção especial ao comportamento da inflação e dos juros reais. A alta da Selic amplia o leque de oportunidades na renda fixa, mas também eleva a responsabilidade na alocação dos recursos”, diz