Hospitais e UPAs de Porto Alegre registram superlotação

Entre os pronto atendimentos, a unidade Moacyr Scliar, na zona Norte da Capital, estava na situação mais crítica, com ocupação de 253%

Foto: Fabiano do Amaral / Correio do Povo

A quinta-feira é marcada pela alta ocupação de pacientes em Hospitais e Pronto Atendimentos de Porto Alegre. Dados da ocupação hospitalar e situação das emergências da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) registram que, no Hospital Conceição, a emergência de adultos estava no início da tarde desta quinta-feira, 27, com 178% de lotação. No Hospital Santa Casa, as emergências estão com superlotação de 214%. No Hospital de Clínicas, registrava 211%. Os leitos da pediatria e da emergência pediátrica estavam com capacidade de 102 e 129%, respectivamente. E do total de pacientes, mais da metade são de fora de Porto Alegre.

No Hospital São Lucas da PUCRS, a emergência estava com 210%. No Hospital Vila Nova, os leitos estavam com 170% da ocupação. Já o Hospital Restinga registrava 111%. O Hospital de Pronto Socorro registrava, na emergência, 165% de ocupação, e 163% na unidade Lomba do Pinheiro.

Já entre as UPAs, a unidade Moacyr Scliar, na zona Norte, estava na situação mais crítica, com ocupação de 253%. No Pronto Atendimento Bom Jesus, o leito adulto e pediatria estava com 215% de ocupação, sendo quatro pacientes de fora de Porto Alegre. No PA Cruzeiro do Sul, nos leitos adulto, psiquiatria, pediatria e UTI adulto, a lotação registrou 178%, com cinco pacientes de fora de Porto Alegre. O adulto, separadamente, estava com 231%.

Laura Cristina dos Santos, moradora do bairro Bom Jesus, estava há mais de duas horas esperando atendimento na PA Bom Jesus com seu pai, que apresentava dores no corpo, vômitos e tontura. “Mas deram [etiqueta] verde e ainda não chamaram ele”. Os dois já haviam comparecido na unidade, que estava superlotada, na noite anterior, quando ficaram mais de cinco horas aguardando. “A gente só passou na triagem. Fomos embora sem atendimento”, diz. A cuidadora de idosos Renata Ferreira aguardava uma consulta com psiquiatria no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul há mais de três horas. “Fui na recepção, disseram que estava demorado. Tá muito complicado.”

Em relação à lotação dos hospitais, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) ressaltou que cerca de 43% dos pacientes internados vêm de outras cidades, não havendo a devida contrarreferência estadual. Em relação aos pronto-atendimentos, a pasta ressalta que o fechamento de serviços na região metropolitana tem ampliado ainda mais a pressão sobre os atendimentos em Porto Alegre, como UPA Moacyr Scliar, e que os casos de menor gravidade poderiam estar sendo atendidos nas próprias Unidades Básicas de Saúde (UBS). Ainda, que a administração municipal cobrou do Estado um compromisso mais efetivo com os serviços da Capital, incluindo mais atenção para a grave situação enfrentada pelos serviços de saúde.

Confira a nota:

Atualmente, 99% dos leitos SUS estão ocupados, e cerca de 43% dos pacientes internados vêm de outras cidades, sem a devida contrarreferência estadual. O fechamento de serviços na região metropolitana tem ampliado ainda mais a pressão sobre Porto Alegre, dificultando o atendimento da população local e aumentando o tempo de espera nos prontos atendimentos e na UPA Moacyr Scliar.

A situação foi tema de reunião entre a Prefeitura e o Governo Estadual na semana passada. A administração municipal cobrou do Estado um compromisso mais efetivo com os serviços da Capital, incluindo mais investimentos e um olhar atento para a grave situação enfrentada pelos serviços de saúde.