Em Porto Alegre, Marina Silva diz que alerta climático foi dado há mais de 30 anos, mas que o “dever de casa” não foi feito

Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) participa da 5ª Conferência Estadual do Meio Ambiente, promovida na Capital

Foto: Fabiano do Amaral / Correio do Povo

O futuro ambiental do Estado está em construção na 5ª Conferência Estadual do Meio Ambiente, que teve início nesta terça-feira, na Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), em Porto Alegre, com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva. Ela encerrou o primeiro dia do evento com um alerta sobre a necessidade de conciliação de demandas e integração de todos os setores sociais acerca das causas ambientais.

“De todas as crises, a climática é a mais grave, porque ela tem o poder de alcançar geograficamente o planeta inteiro e tem a capacidade de acertar demograficamente a humanidade inteira. Mas a luta ambiental é integradora, e eu repito isso de forma exaustiva, sabe por quê? Porque podemos formar alianças que muitos entendem impensáveis. Todos precisam de água potável, de ar puro e terra fértil. Todos teremos que ser sustentáveis porque sem natureza não tem vida para ninguém.

A ministra lembrou ainda que os eventos climáticos que impactaram o Rio Grande do Sul em 2024 são projetados e debatidos há décadas e entende que “o dever de casa” não foi feito pelas autoridades governamentais e ambientais.

“O alerta foi dado há muito tempo, desde quando nos reunimos na Eco 92. E nestes 33 anos, infelizmente, não fizemos o dever de casa”, lamentou Marina Silva.

O encontro termina nesta quarta-feira e conta com participação de delegados municipais e autoridades na área, para discutir projetos, principalmente relacionados a mitigação e preparação para desastres. Na abertura da conferência, a secretária estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Marjorie Kauffmann, reforçou que a pauta ambiental não é isolada e precisa ser vista e conectada com as demais ações governamentais.

Ela também apontou amadurecimento da sociedade em entender a necessidade de pensar o futuro levando em conta as mudanças climáticas. “Trabalhamos para dar voz aos encontros que foram feitos em cada região do RS. O Estado terá este espaço importante não como um exemplo de enchente, mas como exemplo de resiliência. A ciência já disse que nós estamos em uma área onde os efeitos das mudanças climáticas atuam com maior severidade. Mas nós não queremos sair daqui, nós queremos permanecer”, afirmou.

O vice-presidente da Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs), Moisés Pedone, destacou que esta é a edição mais importante do evento, buscando soluções e correções de políticas públicas.

Programação

Durante a tarde de terça-feira e manhã de quarta-feira, os delegados municipais se reúnem em Grupos de Trabalho (GTs) para a discussão de projetos ambientais nos eixos mitigação, adaptação e preparação para desastres, transformação ecológica, justiça climática, governança e educação ambiental. As propostas discutidas nos GTs serão levadas para votação em plenária, a partir das 13h30min de quarta-feira. Às 15h, será realizada a eleição dos delegados que representarão o Estado e os projetos que serão levados para a etapa nacional.