Um inquérito foi aberto para apurar o linchamento de Marco Antônio Bocker Jacob, suspeito de sequestrar uma menina de 9 anos e de cometer abusos sexuais contra ela em Tramandaí, no Litoral Norte. O objetivo é identificar os responsáveis por agredir o homem de 61 anos até a morte, após o resgate da criança, na quarta-feira. A vítima estava aprisionada em um calabouço nos fundos do armazém dele.
O sequestrador foi linchado enquanto a ocorrência ainda estava em andamento. Ele ainda estava na loja de conveniência onde a menina foi encontrada quando populares invadiram e passaram a atingi-lo com socos, chutes, garrafas, pedras e tijolos. O mercado, de propriedade dele, também foi depredado.
A Brigada Militar, sem sucesso, tentou conter o tumulto com bombas de efeito moral, balas de borracha e gás lacrimogéneo. O homem ainda chegou a ser socorrido com vida, mas morreu enquanto era atendido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
A cena do crime foi prejudicada com o ocorrido. A presença de pessoas além do suspeito prejudicou o trabalho do Instituto-Geral de Perícias (IGP). De acordo com peritos, evidências foram removidas da cena do crime e vestígios do sequestrador foram misturados aos de populares.
Outra dificuldade, de acordo com o delegado Alexandre Souza, titular da DP de Tramandaí, é o fato de não haver câmeras no interior do imóvel. A expectativa dele é que as imagens de monitoramento no entorno do lugar, registros feitos por profissionais da imprensa e o relato de testemunhas possam auxiliar na identificação dos participantes do linchamento.
“Vamos tentar chegar à autoria de quem matou o suspeito. Infelizmente, não havia câmeras no bar. Até por isso não temos imagens da menina entrando no lugar. Tentaremos usar outros métodos investigativos, como relatos de testemunhas, imagens de câmeras na região e o material que foi registrado pelos veículos de imprensa que estavam ali”, pontuou o delegado.
Os envolvidos no linchamentos podem ser indiciados por homicídio. Ainda conforme o titular da DP de Tramandaí, nenhum parente da criança participou do fato. Uma vaquinha virtual no site Badin foi aberta para ajudar a família, que passa por necessidades.