Se há poucos meses o excesso de água era o principal pesadelo dos porto-alegrenses, a falta dela é, agora, o problema que castiga a população de diversos bairros da Zona Norte da Capital. Desde segunda-feira, a manutenção de um vazamento na adutora de recalque da Estação de Bombeamento de Água Tratada (Ebat) Ouro Preto deixou diversos bairros sem abastecimento.
Conforme o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), as atividades do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) São João foram retomadas às 22h30min de terça-feira. Entretanto, ainda na manhã desta quarta-feira, diversos pontos ainda seguiam sem água e, por isso, moradores precisaram recorrer a fontes alternativas, como bicas.
Na rua Irmã Teresilda Steffen, bairro Alto Petrópolis, uma grande fila de moradores com recipientes como baldes, galões, garrafas e caixas térmicas, aguardavam para pegar água de uma bica. A fila chegou a ser ainda maior durante a noite de terça-feira, quando centenas de pessoas esperaram para poder levar água para casa.
Entre aqueles que buscaram pela alternativa nesta quarta-feira estava o vigilante Ivan Luiz Marques, de 37 anos, que, por morar em condomínio no bairro Rubem Berta, só foi sentir a falta d’água na terça-feira. Nesta manhã, ao sair do trabalho, aproveitou para encher algumas garrafas. “Nestes dias de calor não tem como ficar sem água. Eu tinha reservado um pouco, mas acabou e resolvi vir pegar para poder, pelo menos, utilizar para as necessidades básicas”, explica.
O aposentado Adair Santos, de 66 anos, morador do Bairro Mario Quintana, também vive o drama de estar há três dias sem água. Por isso, também utilizou a bica para encher pequenos reservatórios. “Nessas horas a gente vê como faz falta ter uma caixa d’água, ao menos para poder tomar banho e lavar louça. Nestes dias sem abastecimento, as roupas vão ficando”, conta.
Também durante a manhã, para amenizar as filas e auxiliar a população que esperava para utilizar a bica, um caminhão do Dmae foi encaminhado até o endereço e garantiu o fornecimento de água para moradores.
No morro Santana, a aposentada Isabel Cesar Patrício, é mais uma a lamentar os transtornos causados. Ela também só teve acesso a poucos litros, devido ao envio de um caminhão-pipa. “Nesse calorão, as roupas sujas ficam esperando para lavar e ficam quase podres. Ontem veio um caminhão e todos correram para armazenar água no que tinham de reservatórios. Não desejo que ninguém passe por essa situação”, comenta.
Também morador do Morro Santana, o empresário Antônio Almeida, de 60 anos, precisou utilizar a água de sua empresa, que possui reservatório, para utilizar em sua casa. “Não é fácil, mas a gente precisa se virar para resolver”, afirma.