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Cinquenta e sete famílias do bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre, receberam um prazo de sessenta dias para deixarem suas casas, devido ao avanço nas obras da prefeitura no sistema de diques da região. Situados nas ruas Aderbal Rocha de Fraga e Francisco de Medeiros, os moradores foram notificados no dia vinte e um de janeiro, sendo o dia vinte e oito de fevereiro a data limite para a saída.
Conforme Edgar Fernandes, que integra a Comissão Fiscaliza Sarandi, grupo formado em decorrência da enchente de maio do ano passado, todos compreendem e apoiam a realização das obras, pois temem que um novo episódio de inundação seja registrado no bairro./ Porém, segundo Fernandes, a Comissão busca diálogo com as autoridades, pois os moradores não concordam em deixar as próprias residências para pagar aluguel ou depender de prazos incertos do programa Casa Assistida, iniciativa do Governo Federal para beneficiar as famílias com um imóvel no valor de duzentos mil reais.
Edgar, que vive no Sarandi há trinta e cinco anos, também está na lista dos moradores que devem sair de casa.
O Secretário Municipal da Habitação, André Machado, argumentou que a prefeitura tem acompanhado de perto todo o processo de desocupação na região do Sarandi, com diálogo frequente com os moradores. De acordo com o titular da pasta, a garantia de uma nova moradia foi estabelecida pelo Governo Federal, mas que devido à impossibilidade da entrega imediata, o governo municipal tem ofertado o programa Estadia Solidária, que oferece um auxílio de mil reais às famílias, para prestar assistência durante o período em que os moradores aguardam pelos imóveis.
Até o final das obras, conforme o Secretário, cerca de mil e setecentas famílias serão notificadas e deverão passar pelo mesmo processo. Destas, mais de quatrocentas já estão habilitadas para o Programa Casa Assistida.
Na última terça-feira, em reunião com representantes dos governos municipal, estadual e federal, o prefeito Sebastião Melo pediu flexibilização nas regras impostas pela Caixa Federal para o programa Compra Assistida. Melo salientou que muitos moradores vivem no Sarandi há mais de vinte anos, e que é necessário agilizar os trâmites para que a população consiga acessar a nova moradia.