A Polícia Civil revelou nesta sexta-feira mais detalhes do envenenamento de um bolo em Torres, que resultou na morte de três pessoas na cidade do Litoral Norte. O caso ainda envolve uma quarta vítima, Paulo Luiz dos Anjos, que teve o corpo exumado, onde foi encontrado traços de arsênico. Em entrevista coletiva, os investigadores comentaram um pouco do perfil da principal suspeita, Deise Moura dos Anjos, que está presa por conta dos crimes.
“Ela é uma pessoa de postura fria, com respostas sempre na ponta da língua e muito tranquila. Em todas as ações, ela já pensava em como estar na frente da investigação. Inicialmente, ela falou que teria pesquisado sobre veneno após as mortes. Mas a apuração no celular dela indicou que ela pesquisou isso por cinco meses. A nora também se referia à sogra como naja. Em todo depoimento que ela fala assim, ela dava risada logo em seguida. A motivação continua sendo fútil, pois nenhuma questão patrimonial está acima do preço de quatro vidas”, finalizou.
Há relatos de que Deise não tinha um relacionamento muito bom com os sogros, Zeli Teresinha Silva dos Anjos e Paulo Luiz. Entretanto, antes da morte de Paulo Luiz, havia tentado se reaproximar, indicando estar com saudades.
Além disso, o delegado Marcos Veloso reforçou que não há indícios da participação do esposo de Deise nos crimes, mas ele seguirá sendo ouvido pela polícia nos próximos dias. Veloso confirmou ainda que a polícia pedirá a prorrogação da prisão temporária por mais 30 dias, para dar mais tempo para a investigação e para o inquérito.
Conforme a delegada Sabrina Deffente, diretora da 23ª Delegacia de Polícia Regional, cada prova técnica encontrada pela polícia aumentava a surpresa de todos que participam da investigação. “Não temos dúvidas de que se trata uma pessoa que praticava e tentava homicídios em série. Há fortes indícios de que ela tenha praticado outras tentativas de envenenamento, que agora serão objeto de investigação a partir de agora”, salientou a delegada.
Ela reforçou ainda que a investigação aponta que não há dúvidas de que a suspeita pesquiso sobre o veneno, até chegar em uma receita que seria inodora e que pudesse se assemelhar a um pó branco, podendo ser misturado com farinha ou leite em pó. “Após encontrar essa combinação, ela começa a tentar envenenar os familiares, chegando na morte do sogro, em setembro”, completou.
Conforme o relato da delegada, a suspeita ainda teria tentado encobrir a morte, ao insistir que a família realizasse a cremação do corpo do sogro, que foi exumado na última quarta-feira, em um cemitério de Canoas. Segundo Marguet Mittmann, diretora do IGP, o corpo de Paulo Luiz dos Anjos foi o segundo com maior concentração de veneno de todas as quatro vítimas. Foram coletadas amostras do baço, cérebro, rim, couro cabeludo, fígado e estômago. “As provas apontam que é impossível que esse caso se trate de intoxicação alimentar. A causa da morte do sogro foi sim envenenamento”, salientou Marguet.