As chuvas que minaram o último ano do mandato de Sebastião Melo (MDB) já começam a atrapalhar o início do novo governo em Porto Alegre. Após ser empossado na Câmara Municipal, a cerimônia de transmissão de cargo que ocorreria na Usina do Gasômetro foi adiada por falta de energia elétrica.
Após fortes chuvas que atingiram a Capital, diversos locais ficaram sem luz na cidade e foram registrados muitos pontos de alagamento. Melo chegou a ir até a Usina, que receberia seu primeiro evento desde que fora fechada para reformas ainda em 2017. Ao perceber a gravidade da situação, se dirigiu ao Centro de Comando Integrado (Ceic) para avaliar a extensão dos impactos do temporal e reforçar providências. Também entrou em contato com o presidente da CEEE Equatorial.
De lá, anunciou o adiamento da cerimônia. “Definimos pelo cancelamento do ato de recondução e posse do secretariado, tendo em vista falta de luz na Usina, ausência de perspectiva de retorno e impactos na cidade. Lamentamos muito, mas precisamos preservar a segurança dos convidados e focar no atendimento das ocorrências”, escreveu em suas redes sociais. A prefeitura não divulgou perspectiva de nova data para ocorrer a cerimônia de transmissão de cargo e efetiva posse do novo secretariado.
Apesar do contratempo, Melo já havia sido empossado no Legislativo para o seu segundo mandato de prefeito. Em seu discurso de posse, elencou aqueles que devem ser os principais desafios da prefeitura para este segundo mandato. Muitos deles são temas ainda remanescentes do primeiro governo.
“Reafirmo compromissos e fui o primeiro a dizer que, se tudo estivesse pronto, não precisaríamos nos candidatar de novo. Vamos avançar naquilo que avançamos, melhorar o que precisa ser melhor e tirar do papel o que não conseguimos tirar nos últimos quatro anos. A proteção de cheias é um dos desafios, a educação, o plano diretor, o marco regulatório do saneamento, a inovação e tantos outros temas”, enumerou o emedebista.
A educação deve ser um ponto especial. A área foi palco tanto de escândalos de corrupção quanto exemplo do que não funcionou na gestão, devido às baixas notas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e déficit de vagas na educação infantil. No discurso proferido após a vitória eleitoral em 27 de outubro, já havia definido que quer ter a melhoria do ensino como marca do segundo governo. “Esse governo vai aumentar seu Ideb, vai zerar as filas da creche, vai cuidar das periferias, que não querem favor, querem oportunidade”, prometeu, na Câmara.
Melo não deixou de entrar em polêmicas durante seu pronunciamento. “Para mim, forjado na luta popular, democrática e advocatícia, a liberdade de expressão é o que há de mais caro em um país. Nos legislativos, se um parlamentar ou qualquer um do povo diz ‘eu defendo a ditadura’, ele não pode ser processado por isso, porque é liberdade de expressão. Também quero que quem defende o comunismo não possa ser processado por isso, porque é liberdade de expressão. Uma cidade democrática é aquela que respeita sua pluralidade”, afirmou, provocando reações distintas como vaias e aplausos.
Durante sua fala, o prefeito também traçou um paralelo entre sua posse para o primeiro mandato, em 1º de janeiro de 2021, e o momento atual. “Há quatro anos, nesta mesma Casa, Ricardo (Gomes) e eu tomamos posse no meio de uma das crises humanitárias mais duras que era a Covid. Agora tenho a alegria de ter ao meu lado a Betina (Worm), vice-prefeita eleita, esforçada e talentosa que já mostra isso nesses dias de transição”.