O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta segunda-feira (16), a visita do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em São Paulo. O chefe do Executivo, que estava internado na capital paulista desde terça-feira (10), teve alta hospitalar no último domingo (15). O titular da área econômica relatou que o petista pediu que as medidas incluídas no pacote fiscal não sejam desidratadas pelos congressistas. As propostas devem ser analisadas pelos congressistas nesta semana.
“Falamos sobre vários assuntos. Expus para ele a situação da reforma tributária, o que está para ser decidido pela Câmara agora em caráter definitivo. Também tratamos das medidas fiscais, também apresentei a ele os relatores, como a gente está tentando encaminhar, a necessidade de votação nessa semana, alguns projetos das reformas microeconômicas também que precisam ser votados nessa semana. Eu dei o quadro desses três blocos de medidas. Coloquei ele a par em situação de cada uma delas, tanto no Senado quanto na Câmara, para que ele pudesse eventualmente julgar a conveniência de tomar alguma providência, de dar algum telefonema tranquilizador para acelerar as coisas, e estou voltando a Brasília”, disse Haddad.
“O apelo que ele [Lula] está fazendo é para que as medidas não sejam desidratadas. Nós temos aí um conjunto de medidas que garante a robustez do arcabouço fiscal. Nós estamos muito convencidos de que vamos continuar cumprindo as metas fiscais nos próximos anos. E, para a surpresa de alguns, nós não só alteramos como vamos cumprir as metas em 2024. Se não fosse o contratempo que tivemos com o Perse e a desoneração da folha, nós teríamos no primeiro ano do governo Lula superávit primário. Nós só não tivemos superávit nesse ano em função dos R$ 45 bilhões de renúncia fiscal”, completou.
Haddad contou que Lula não quer as medidas sejam alteradas e percam o objetivo final: a garantia do arcabouço fiscal. Entre as novas propostas estão reajuste do salário mínimo, abono salarial, benefício de prestação continuada, mudanças no Bolsa Família, entre outros. Nos cálculos da gestão Lula, o impacto fiscal é de R$ 327 bilhões entre 2025 e 2030. A expectativa é de votação ainda nesta semana.
A regulamentação da reforma tributária, aprovada pelo Senado e na espera pelo aval da Câmara, também foi outro ponto discutido na reunião entre Lula e Haddad. No encontro, o presidente se mostrou preocupado com a questão das armas e das bebidas açucaradas.
Entenda o quadro de Lula
O petista sentiu dor de cabeça e indisposição durante a agenda da última segunda-feira (9). Na sequência, deu entrada em um hospital privado em Brasília e foi transferido para a unidade de São Paulo. Na capital paulista, passou por uma cirurgia de emergência para drenagem de um hematoma. O procedimento ocorreu sem intercorrências e Lula está bem e sob monitoramento em leito de UTI. O primeiro boletim após essa cirurgia afirmou que Lula estava “lúcido, orientado e conversando”.
De acordo com os médicos, a hemorragia de Lula decorre da queda sofrida no banheiro, no Palácio da Alvorada, em 19 de outubro. Na ocasião, o acidente doméstico resultou em um ferimento na parte de trás da cabeça, que exigiu cinco pontos de sutura. Após o episódio, diversas viagens internacionais foram canceladas por recomendação médica. O presidente tem 79 anos.
Um dos pontos destacados pelos profissionais é de que as funções neurológicas do presidente estão preservadas. A hemorragia intracraniana é uma condição séria e ocorre quando há sangramento dentro do cérebro ou entre membranas protetoras — este último foi o caso de Lula, segundo a equipe médica. O presidente foi submetido a uma trepanação para drenagem do hematoma. A hemorragia intracraniana pode ser causada por fatores como traumas, hipertensão, aneurismas rompidos ou outras condições médicas.
Depois, o presidente precisou passar por um novo procedimento, realizado na quinta-feira (12). Trata-se de uma embolização de artéria meníngea média. Os especialistas destacam que o hematoma, identificado no começa na semana e tratado por uma cirurgia tem um risco de se refazer de forma espontânea. Dessa forma, o que foi feito é uma espécie de bloqueio do fluxo sanguíneo de subdivisões da artéria para impedir novos sangramentos. No domingo (15), recebeu alta hospitalar.
Em entrevista coletiva ao lado da primeira-dama Janja e da equipe médica, Lula deu detalhes do acidente doméstico em que bateu a cabeça e se emocionou ao falar sobre a gravidade do caso.“Estava sentindo meus passos mais leves, com os olhos vermelhos, com muito sono. Quando fui no médico às 6 horas da tarde, viram a tomografia e ficaram assustados. Pediram para eu vir urgente para São Paulo”, afirmou.
Segundo a equipe médica, o presidente deve permanecer em São Paulo até, ao menos, a próxima quinta-feira (19), quando será realizada uma tomografia de controle para reavaliar o estado clínico. O cardiologista Roberto Kalil, médico de Lula, afirmou que a partir desta data ele poderá voltar a Brasília, caso o resultado do exame esteja de acordo com o esperado pela equipe. O profissional explicou, ainda, que o petista deverá manter repouso por 15 dias e evitar atividades físicas e viagens internacionais.