O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participará da 65ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul nos próximos dias 5 e 6 de dezembro, em Montevidéu, no Uruguai. O evento também marca o encerramento da presidência pro tempore do Uruguai e sua transferência para a Argentina. A Bolívia participa pela primeira vez como membro pleno do bloco, após oficializar a sua adesão em agosto deste ano.
No dia 5, quinta-feira, acontecerá a 65ª Reunião do Conselho do Mercado Comum (CMC). Com a inclusão boliviana, o bloco agora abrange 73% do território da América do Sul e representa cerca de 65% da população da região.
“Com o Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai, nós temos no Mercosul 73% do território da América do Sul. Seria o segundo maior país do mundo em território. São quase 300 milhões de habitantes, que é equivalente, mais ou menos, aos Estados Unidos. Só para dar uma dimensão desse ingresso da Bolívia. E 70% do PIB da região. É bastante relevante essa ampliação da área da população, do alcance do Mercosul”, afirmou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe
Durante o encontro, o Panamá será oficialmente integrado como Estado Associado, tornando-se o primeiro país da América Central a ingressar no grupo. O país assinará três acordos: o Acordo de Complementação Econômica 76 (ACE-76), o Protocolo de Ushuaia sobre Compromisso Democrático e a Declaração Presidencial sobre Compromisso Democrático.
“Um fato relevante é que o Panamá é o principal parceiro comercial no Brasil na América Central. É o primeiro país centro-americano que passa a fazer parte desse grupo dos associados. A partir da assinatura desses três acordos, ele estará habilitado ao mesmo portfólio de acordos bilaterais e regionais do Mercosul, ampliando o escopo do bloco para além da América do Sul”, destacou Gisela, que também afirmou que negociações semelhantes estão em curso com El Salvador e República Dominicana, que têm mostrado interesse em aderir ao bloco.
PRESIDÊNCIA URUGUAIA
Sob a presidência do Uruguai, o Mercosul promoveu discussões sobre participação feminina na democracia, observação eleitoral e cibersegurança. No campo social, foram realizadas reuniões ministeriais sobre saúde, direitos humanos, educação e combate ao crime organizado. Entre os avanços, destacam-se iniciativas como a restrição de produtos de tabaco aromatizados, protocolos para transplantes de órgãos e testes rápidos de HIV, além da regulação de marketing de substitutos do leite materno.
Segundo Gisela, a integração econômica segue como prioridade. As trocas comerciais intra-Mercosul aumentaram exponencialmente nos últimos 33 anos, saltando de R$ 4,5 bilhões para R$ 49 bilhões. Em 2023, o Brasil exportou R$ 23,5 bilhões para os países do bloco, mas o superávit caiu devido à retração das exportações para a Argentina. Ainda assim, completou a secretária, o comércio intrarregional é valorizado por seu alto valor agregado: 82% dos produtos exportados são manufaturados ou semimanufaturados, gerando empregos e renda.
“No ano passado, o Brasil exportou R$ 23,5 bilhões, ou 6,9% das nossas exportações, para países do Mercosul e importou R$ 17,7 bilhões, mais ou menos, então é equivalente a 7% das importações totais brasileiras, com superávit de R$ 6,5 bilhões, o que é muito relevante. O comércio intra-Mercosul é um comércio de alto valor agregado”, destacou.
BALANÇA COMERCIAL
De janeiro a outubro de 2024, o intercâmbio entre os países do Mercosul foi de US$ 32,5 bilhões. As exportações brasileiras alcançaram US$ 16,5 bilhões e as importações, US$ 16 bilhões, um superávit de US$ 537,8 milhões. A pauta de importações brasileiras é baseada, em grande parte, em veículos automotores para transporte de mercadorias e de passageiros, trigo e centeio não moídos e energia elétrica. O Brasil exporta majoritariamente para o Mercosul veículos de passageiros e mercadorias, partes e acessórios desses veículos, demais produtos da indústria de transformação, minério de ferro, entre outros.
(*) Com Agência Gov.Br