Depois de o navio EVA Shanghai, fundeado há pelo menos 20 dias, desistir de descarregar em Porto Alegre e retornar a Rio Grande na semana passada pela falta da dragagem no canal de Itapuã, outros três navios que aguardavam o avanço do serviço emergencial fizeram o mesmo: o Longview Logger, que chegou em 23 de novembro em Itapuã, o Potentia, de Singapura, cuja chegada foi seis dias mais tarde, e o Mount Taranaki, graneleiro que sofreu o primeiro encalhe ainda há mais tempo do que o primeiro, no final de outubro.
O Longview e o Taranaki têm bandeira de Hong Kong e pertencem ao mesmo armador. Todos eles, de acordo com a praticagem da Lagoa dos Patos, retornaram ao porto no sul do Estado para o descarregamento, aumentando os custos para a navegação e ampliando a preocupação para o segmento portuário, e somente deverão retornar a Porto Alegre depois que todos os canais estiverem dragados. Em comum, as três embarcações têm calados superiores a 4,50 metros. Navios menores conseguem passar pela área.
Diante do início da crise dos navios, o governo do Estado liberou R$ 731 milhões do Fundo de Reconstrução do Estado do Rio Grande do Sul (Funrigs) para dragagens emergenciais, inclusive do canal de Itapuã. Na sequência, a Portos RS contratou uma draga, que trabalha desde o último dia 26, com expectativa da retirada de 185 mil metros cúbicos de sedimentos. Conforme a estatal, isto permitirá uma profundidade de seis metros e um calado operacional de 5,18 metros.
Por volta do dia 18, a Portos RS estima que metade do canal esteja em condições de tráfego. O setor hidroportuário, no entanto, vê a medida como insuficiente para resolver os problemas a curto e médio prazo. Na semana passada, o secretário estadual de Logística e Transportes, Juvir Costella, acompanhou pessoalmente os trabalhos do equipamento em Itapuã. O prazo de conclusão é estimado em 90 dias. De acordo com ele, este é um “processo fundamental para todas as obras de dragagem que acontecerão até 2026”.
“Esse investimento do governo do Estado é importante para garantir a manutenção das vias navegáveis que foram afetadas pelas enchentes”, frisou Costella. Outros processos de contratação já em andamento deverão contemplar os canais de Pedras Brancas, Leitão, Furadinho e São Gonçalo, que, assim como o de Itapuã, sofreram com o acúmulo de sedimentos desde as enchentes de maio, reduzindo as profundidades mínimas de tráfego dos navios.