Industria gaúcha projeta crescimento acima de 3% em 2025, diz Fiergs

Desempenho deverá ser muito próximo do resultado nacional

Crédito: Almir Freitas

As indústrias gaúchas vão encerrar o ano com um desempenho de forma resiliente. O Produto Interno Bruto (PIB) estadual cresceu 5,4% no primeiro semestre, com destaque para a agropecuária (37,6%), serviços (2,7%) e um avanço de apenas 0,2% na indústria. Para 2025, a projeção é de um crescimento de 3,3%, com destaque para a produção industrial que poderá ter uma elevação de 3,2%. O resultado foi divulgado durante balanço anual da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), nesta terça-feira, 3, em sua sede.

Para o presidente da federação, Claudio Bier, a recuperação agrícola foi determinante, principalmente pela safra de verão e trigo no período de inverno, apesar das enchentes. A projeção da entidade é que o PIB tenha um avanço de 4,1% no ano, 0,6 ponto percentual abaixo da projeção inicial da entidade. Para 2025, a projeção da agropecuária é de nova safra recorde de 38,3 milhões de toneladas – 3,3% em relação a 2024 – graças às condições climáticas mais favoráveis e melhora da produtividade. Pelas estimativas da entidade, o setor de serviços vai ser acompanhado pela maior geração de empregos e contribuindo com a expansão da massa salarial e do consumo interno.

No cenário nacional, o desempenho econômico foi considerado surpreendente pela Fiergs “mas os desafios estruturais permanecem uma ameaça para os próximos anos”. Conforme documento de avaliação divulgado pela federação, a política fiscal se mostrou insuficiente para lidar com a elevada dívida pública. “O PIB brasileiro deve encerrar o ano com um crescimento de 3,2%, acima da expectativa inicial. Para 2025, deverá ser registrada uma desaceleração, com o indicador chegando a 2,1%”, aponta a área econômica da Fiergs.

GERAÇÃO DE EMPREGOS

Na geração de empregos, a estimativa é de abertura de 1,2 milhão de postos de trabalho para o próximo ano, com a taxa de desocupação devendo terminar 2024 em 6%, muito próximo dos 5,9% estimados para 2025. Para a taxa de juros, o documento da área econômica da federação projeta uma Selic em 11,75% em 2024 e de 13% no ano que vem, considerando que o IPCA é estimado em 4,3% no período.

Considerando um desempenho modesto para as exportações, a estimativa é de que no próximo ano as vendas externas totalizem US$ 78,5 bilhões, com recuperação projetada para as commodities. Os analistas da indústria gaúcha estimam que o dólar comercial encerre o ano valendo R$ 5,95, não muito distante dos R$ 5,90 projetado para o final de 2025.

“A sustentabilidade fiscal permanece o maior desafio à economia brasileira. A dívida pública, projetada em 80,6% do PIB, exige superávits primários sem precedentes para estabilização. Sem reformas estruturais, o Brasil pode enfrentar novas deterioração econômica, comprometendo o crescimento e a confiança de investidores. O déficit primário projetado para 2024 é de 0,6% do PIB, e de 1,1% para 2025”, diz a análise da equipe econômica.

Conforme o documento, o nível de atividade das empresas gaúchas ainda requer cuidado. Com base nos 3.307 estabelecimentos do Regime Geral, na segunda semana de maio, 64% operavam com um nível baixo de atividade em função das enchentes, índice que em outubro atingiu 13%. Já com base nas 5.106 empresa do Simples Nacional, 65% operavam abaixo em maio, enquanto que agora este índice é de 15%.