Grupo suspeito de fraudar emissão de documentos de veículos em Canoas é alvo da Polícia Civil

Operação Carta Branca mira esquema de ex-funcionária de CRVA e 12 despachantes na Região Metropolitana

Armas, celulares e dinheiro apreendido na Operação Carta Branca | Foto: Polícia Civil

Um esquema de fraude na emissão de documentos veiculares foi alvo da Polícia Civil, na manhã desta quinta-feira, na Região Metropolitana. Intitulada Operação Carta Branca, a ação somou 50 agentes e 20 viaturas, no cumprimento de 15 mandados de busca, em Canoas, Alvorada e Sapucaia do Sul. Houve a apreensão de R$ 86 mil em espécie, três armas de fogo, placas de carro, celulares e documentos.

A ofensiva ocorreu sob o comando da 2ª DP de Canoas, após uma denúncia anônima recebida em novembro de 2023. Conforme a investigação, uma ex-funcionária de um Centro de Registro de Veículos Automotores (CRVA) do município teria atuado junto a 12 despachantes para emitir documentos de transferência de automóveis de forma irregular.

Ainda segundo a apuração policial, a mulher emitiria a documentação a um grupo de despachantes, mediante o pagamento de propinas. Ela também teria desviado para si os valores oficiais de transferências de veículos, ou seja, dinheiro de taxas que deveriam ter sido pagas ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Não é descartado que a prática servia para “esquentar” automóveis clonados. Em outras palavras, o esquema pode ter legalizado carros que foram roubados ou furtados, e ainda tiveram seus sinais de identificação adulterados.

O titular da 2ª DP de Canoas, delegado Rodrigo Caldas, destaca que, em cerca de seis meses, os valores desviados do Detran ultrapassaram R$ 53 mil. Já a ex-funcionária, no mesmo intervalo de tempo, teria embolsado R$ 180 mil em propinas e desvios.

Ela foi demitida no final do ano passado, após a denúncia anônima, quando completava quase cinco anos de serviço. A demissão não impediu que os despachantes tentassem aliciar outros funcionários do CRVA em Canoas ao esquema, o que acabou não acontecendo.

“A mulher havia sido contratada em fevereiro de 2019. Por isso, a estimativa é que o valor total desviado seja ainda maior do que o apontado no período da investigação. O Detran a demitiu ainda em novembro, pouco após a primeira denúncia. Porém, mesmo após a demissão, os despachantes ainda tentaram aliciar outros funcionários, mas eles recusaram as propostas”, pontuou o delegado Rodrigo Caldas.

Pedidos de prisão dos investigados foram encaminhados à Justiça, que negou as solicitações. Contudo, quatro despachantes foram encaminhadas para prestar esclarecimentos na delegacia.