Jackson Peixoto Rodrigues, o Nego Jackson, 41 anos, morreu após uma emboscada. A investigação da Polícia Civil aponta que o detento foi atraído à porta da cela para rebater provocações de outro presidiário. Em meio ao bate-boca, um terceiro apenado se aproximou e efetuou disparos através de uma portinhola.
A execução ocorreu na triagem da Penitenciária Estadual de Canoas 3 (Pecan 3), no final da tarde de sábado. Ocorriam ali procedimentos de conferência e checagem de presos antes do jantar.
Em unidades moduladas, como a Pecan, a conferência é feita com os policiais penais no piso superior das galerias, vigiando de cima para baixo os detentos, por um chão gradeado.
Cada apenado passa por vistoria individual. A porta da cela é aberta, o preso vai ao corredor da galeria e, após averiguação, retorna para dentro do recinto. A conferência não ocorre de forma simultânea, como havia sido reportado anteriormente.
Os detentos ficam separadas. Nego Jackson estava na cela de número 8. Logo a frente, na de número 7, do outro lado do corredor, havia um homem conhecido como Sapo, 36 anos. Ele seria rival de Jackson.
A investigação da Polícia Civil aponta que, durante o procedimento de conferência, Sapo foi à porta de Jackson para provocá-lo. Mesmo após voltar para a cela, os dois continuaram a troca de insultos através de portinholas, abertas.
Também conforme a apuração policial, o assassinato ocorreu quando um terceiro detento, de 21 anos, passava por vistoria no corredor. O jovem teria se aproximado da cela de Nego Jackson, que permanecia aos gritos com Sapo, e inserido o cano de uma arma na portinhola.
Foram efetuados 12 disparos. Uma pistola calibre 9 milímetros foi apreendida. Não é descartado que a arma tenha sido enviada por um drone.
A suspeita é que Sapo teria provocado o rival na intenção de atraí-lo para perto da porta. Isso porque, quando o atirador chegou, Jackson estava em próximo da portinhola aberta, sendo um alvo fácil. O plano seria atrair e distrair a vítima para que o atirador não errasse os tiros.
Um dia antes de morrer, Jackson havia escrito uma carta sobre os perigos que corria na unidade. O manuscrito clamava por transferência a uma ala sem desafetos, o que não ocorreu.
O fato gerou o afastamento de Cinco servidores da Pecan, incluindo o diretor. Sapo e o comparsa foram transferidos à Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), no domingo.