41% dos porto-alegrenses são contra as plataformas de apostas esportivas

Pessoas com a faixa de renda mais baixa são as que mais gastam com apostas.

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Um percentual de 41% dos porto-alegrenses se posicionam contra as plataformas de apostas esportivas, enquanto 23% são favoráveis e 32,8% se posicionaram indiferentes e o restante não soube responder. É o que revela uma pesquisa do Sindilojas Porto Alegre sobre o comportamento dos moradores da capital sobre as empresas de apostas on-line. Conforme o levantamento, os homens tendem a ser mais favoráveis (26,6%) do que as mulheres (19,9%).

Entre os respondentes, mais de 60% disseram nunca ter feito uma aposta, enquanto 8% afirmaram apostar com frequência e 13% fazem apostas esporádicas. Cerca de 17,3% dos entrevistados já apostaram no passado, mas deixaram de fazê-lo. A pesquisa também apontou que os homens, além de serem mais a favor, também são mais ativos como apostadores, com 23,3% afirmando apostar ocasional ou frequentemente, contra 19% das mulheres.

PERFIL

A Geração Z, de 18 a 29 anos, é a faixa etária que mais realiza apostas, com cerca de 35% afirmando apostar ocasionalmente ou frequentemente. Entre os Millennials, essa proporção é de 28,5%. Quanto aos tipos de apostas, o futebol lidera entre as preferências dos porto-alegrenses (53,6%), seguido de jogos de cassino (52,4%), como caça-níqueis, e de jogos ao vivo, como poker e cartas (20,2%).

Os fatores que motivam as apostas variam: 45,2% mencionam o envolvimento com atletas ou times favoritos, 34,5% consideram as apostas um hobby, enquanto 25% são influenciados por amigos, parentes ou influenciadores, e 19% apostam por necessidade financeira.

A pesquisa apontou que 32,1% dos entrevistados mantiveram o mesmo nível de apostas em 2024 em relação ao ano passado. Outros 25% aumentaram levemente o volume de apostas, 8,3% apostaram muito mais, enquanto 34,6% apostaram menos. O gasto médio anual com apostas é de R$ 249,00 por pessoa.

Para cobrir esses custos, 71,4% dos apostadores utilizam sua renda principal, sendo que 52,4% usam diretamente o salário, 27,4% a renda sobrante, e 20,2% a renda extra. Um dado preocupante é que 4,8% relataram usar o Bolsa Família para apostar. Para 25% de quem respondeu, o uso da renda principal para apostas trouxe prejuízos ao apostador.

Um dado chamou muito a atenção. Pessoas com a faixa de renda mais baixa são as que mais gastam com apostas.

  • Classe A (acima de 20 salários mínimos): R$ 156,00
  • Classe B (10 a 20 salários mínimos): R$ 235,00
  • Classe C (4 a 10 salários mínimos): R$ 255,00
  • Classe D (2 a 4 salários mínimos): R$ 229,00
  • Classe E (até 2 salários mínimos): R$ 242,00

SEGURANÇA

Embora a maioria dos apostadores (83,3%) afirmou não ter deixado de comprar itens necessários para apostar, 16,7% revelaram que já deixaram de comprar roupas, produtos de mercado, itens de higiene ou refeições fora de casa em prol das apostas. Apenas 10,7% relataram ter contraído dívidas em função das apostas, principalmente com empréstimos de amigos e familiares (44,4%), seguidos pelo uso de cartão de crédito (22,2%) e até contas de serviços essenciais, como a luz (11,1%).

No que diz respeito à segurança das plataformas de apostas, 48,8% dos participantes disseram “nem confiar nem desconfiar” nos sites, enquanto 40,5% expressaram confiança, e 7,1% se mostraram desconfiados.

O levantamento revelou que o PIX é a forma de pagamento mais utilizada para apostas (90,5%), seguido pelo cartão de crédito (13,1%) e transferência bancária (7,1%). Esse uso diversificado de meios de pagamento reflete a popularidade do PIX e o desejo de praticidade entre os apostadores.

O presidente do Sindilojas POA, Arcione Piva, destaca que o “uso do dinheiro para apostas em vez de consumo impacta o comércio e a economia local, especialmente em um cenário de desafios financeiros para as famílias”. Ele também chamou a atenção para a falta de conhecimento sobre as políticas de segurança dessas plataformas, apontando a importância de mais transparência nas bets.