PT quer ajustar visão sobre mercado de trabalho e peso das pautas identitárias

A sigla está tentando mapear o que define como ‘desafios’ deixados pelos resultados das eleições municipais de 2024 no país

Sem alarde, o PT está realizando, em todas as instâncias, balanços ‘técnicos’ a respeito das eleições municipais de 2024. Os levantamentos abarcam bem mais do que o que foi exposto nas avaliações políticas feitas por lideranças imediatamente após o segundo turno, e vão estabelecer as diretrizes nos estados para 2026.

A sigla está tentando mapear o que define como ‘desafios’ deixados pelos resultados do pleito. Na prática, isso significa alinhar formas de recuperar fatias do eleitorado que se encontram na classe média e, principalmente, no extrato conhecido como classe C.

A modulação do discurso referente às chamadas pautas identitárias, aquelas associadas a grupos específicos, historicamente discriminados, é um dos pontos centrais a serem analisados. A discussão não é recente no PT e nem em siglas à esquerda. Mas ganhou tração após as eleições o entendimento de que um crescimento desenfreado das ‘bolhas’ afasta o partido do que parte das lideranças denomina de ‘universalização do diálogo’ com a população.

As transformações ocorridas no mercado de trabalho, onde milhões de autônomos ou informais, às vezes ambos, agora se identificam como empreendedores e, não raro, refutam ocupações com as garantias do mercado formal, são outro fator escolhido como prioritário.

“Temos que encontrar uma outra forma de dialogar com as pessoas que são empreendedoras de si mesmas”, admite a presidente do PT gaúcho, Juçara Dutra Vieira.

O partido tem pressa. A direção nacional e a fundação da sigla, a Perseu Abramo, organizam para o início de dezembro um evento intitulado ‘A realidade brasileira e os desafios do PT’. Os temas deixam evidente a preocupação da sigla em se reposicionar.

São quatro: a relação entre a realidade nacional e a estruturação do discurso petista; a compreensão das mudanças no mercado de trabalho; a comunicação, com ênfase na regulação das plataformas de redes sociais e nas formas de melhorar a inserção do discurso na sociedade; e a identificação dos elementos da conjuntura internacional que influenciam na realidade do país.