O Comitê de Política Monetária (COPOM) elevou, na última quarta-feira, 6 de novembro, a taxa Selic para 11,25% ao ano, uma medida para combater a inflação alta e manter o Brasil competitivo diante do cenário global. Especialistas da Me Poupe! analisam os impactos dessa decisão na economia e nos investimentos.
Leandro Martins, economista e especialista em renda variável da Me Poupe!, destaca que o aumento da Selic afeta setores de forma diferenciada. “O setor de varejo, como a Magalu, já vem sofrendo e deve continuar sob pressão. Por outro lado, empresas como a Porto Seguro (PSSA3) são beneficiadas, pois conseguem lucrar mais com a gestão do capital dos prêmios de seguro em um cenário de juros elevados”, explica.
Economista e especialista em renda fixa da Me Poupe!, Gean Duarte detalha o contexto da decisão do Banco Central: “O principal motivo para esse aumento da Selic é a inflação alta. O preço de tudo, incluindo combustíveis, está subindo mais do que o esperado. Quando isso acontece, o Banco Central aumenta a taxa para conter os preços”, diz. Ele ressalta também o impacto do dólar, que, com sua valorização, eleva os preços dos produtos importados e pressiona a inflação. Duarte acrescenta que os juros altos nos EUA influenciam a necessidade de manter a Selic elevada para evitar a fuga de capital do Brasil.
Já para quem deseja entender o impacto no dia a dia, Marina Farias, planejadora financeira da Me Poupe!, orienta sobre empréstimos e rendimentos. “A Selic é a taxa de referência; quando sobe, todas as taxas de juros sobem. Se você está investindo em renda fixa, a alta significa que a taxa de rendimento desse investimento vai aumentar, então sua reserva e investimentos como Tesouro Direto e CDBs vão render mais. Por outro lado, se você está pagando juros em empréstimos ou financiamentos, as taxas também vão subir. É fundamental se organizar para estar do lado de quem recebe juros e não de quem paga, assim o impacto será positivo na sua vida financeira”, comenta.
DESACELERAÇÃO
Os especialistas concordam que, embora a Selic alta ajude a conter a inflação, ela pode desacelerar a economia. Duarte alerta que, “embora necessário para controlar a inflação, os juros precisam ser bem dosados para não travar a economia e gerar desemprego.” Marina complementa, destacando a importância da organização financeira nesse contexto. “Com as taxas subindo, é essencial repensar o orçamento e buscar estratégias que favoreçam quem investe, não quem se endivida”, aconselha.
Leandro Martins finaliza com uma recomendação para os investidores: “Foque em títulos pós-fixados e papéis de empresas exportadoras como Embraer e Gerdau, que se beneficiam com o dólar forte”. O economista mantém uma perspectiva otimista para 2025, acreditando que, com a desaceleração da inflação e novas gestões no Banco Central, um ciclo de queda da Selic pode começar, possibilitando um ambiente mais favorável para a economia e o mercado de ações.