Pesquisadores do Hospital de Clínicas realizam estudo sobre a reutilização de seringas de insulina

Pesquisa indica que reutilização não causa maiores prejuízos à saúde

Estudo aponta ainda um pequeno aumento de casos de lipo-hipertrofia (lesões) e formação de nódulos | Foto: Divulgação / HCPA / CP

Pesquisadores do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) realizaram um estudo pioneiro que avalia os efeitos da reutilização de seringas e agulhas para injeção de insulina em pacientes com diabetes tipo 2. A pesquisa, que envolveu 71 participantes, comparou os resultados clínicos e laboratoriais entre indivíduos sorteados para um grupo em que cada indivíduo reutilizou as seringas e agulhas, e outro, no qual elas não eram utilizadas mais de uma vez. Os resultados fogem ao que diria o senso comum e indicam que sim, é possível reutilizar sem maiores prejuízos à saúde.

Os pesquisadores concluíram que, embora a reutilização esteja associada ao aumento de nódulos na pele, essa prática não prejudicou o controle glicêmico dos pacientes. Esse resultado pode ter implicações práticas para a gestão do diabetes tipo 2, oferecendo mais flexibilidade para pacientes que enfrentam dificuldades financeiras ou logísticas no acesso a seringas e agulhas novas, além de contribuir com a sustentabilidade ambiental.

O objetivo principal do estudo foi investigar o impacto da prática de reutilização de seringas e agulhas no controle glicêmico, na dor, infecção e outros problemas de pele. A pesquisa foi conduzida ao longo de 12 semanas. Os resultados mostraram que a reutilização de seringas e agulhas foi associada a um pequeno aumento de casos de lipo-hipertrofia (lesões) e formação de nódulos, especialmente em pacientes que reutilizaram o material por até cinco vezes. No entanto, não houve piora significativa no controle glicêmico nem aumento da dor durante as injeções.

Outro aspecto importante da pesquisa foi a análise da contaminação microbiológica das seringas e agulhas reutilizadas. Os resultados apontam que não houve diferenças significativas entre os grupos em relação à contaminação ou ao desenvolvimento de infecções cutâneas. A qualidade de vida dos participantes também foi monitorada, mas a reutilização não afetou essa variável. Cabe salientar que a reutilização se dá sempre pelo mesmo paciente, sem troca de seringas entre diferentes indivíduos.