Vitória em Porto Alegre foi construída com acertos de Melo e erros do PT

Entre os fatores relevantes para a vitória do atual prefeito, estão a sua conexão com a cidade, a ampla aliança e o acerto nas estratégias

Sebastião Melo comemorou a vitória com apoiadores após a apuração do resultado das urnas | Foto: Fabiano do Amaral/CP

De uma reeleição inicialmente considerada quase certa para um cenário de incógnita após as enchentes, o prefeito Sebastião Melo (MDB) driblou desgastes, confirmou o favoritismo e conquistou a reeleição em Porto Alegre com 61,53% dos votos. A vitória expressiva de Melo passa por diversos fatores. Entre eles, sua conexão verdadeira com a cidade, a ampla aliança em torno de sua candidatura e o acerto nas estratégias da campanha.

Não pode ser ignorada, ainda, a contribuição do PT, principal adversário de Melo na disputa, para o desfecho da eleição na Capital. Porto Alegre não é mais a mesma cidade que durante anos foi marcada pela atuação da chamada maré vermelha e que foi vitrine de gestões petistas e do Orçamento Participativo para o país. Além disso, a escolha de Maria do Rosário como candidata também ajudou a ampliar o desafio a ser enfrentado pelo PT na tentativa de reconquistar o Paço Municipal.

Apesar da longa trajetória política, Rosário é um dos nomes do partido com o maior índice de rejeição. Mais amplo inclusive do que o próprio antipetismo. Em parte, pela atuação da deputada federal na pauta dos direitos humanos, rotulada equivocadamente por ala de eleitores como de proteção a bandidos. Quando Rosário foi escolhida, antes das enchentes, a reeleição de Melo era vista como muito provável. Mas então a tragédia se abateu sobre o Rio Grande do Sul e atingiu proporções impensáveis em Porto Alegre. O desgaste atingiu Melo e o cenário eleitoral mudou. Mas já era tarde para a troca das integrantes da chapa formada pelo PT e pelo PSol.

Apesar do impacto de episódios como as enchentes, o incêndio na pousada Garoa e as investigações de corrupção na educação na campanha do prefeito, ele conseguiu se blindar e reagir. O cenário, aliado à rejeição de Rosário, ao antipetismo e a uma comunicação pouco efetiva do PT levaram à vitória de Melo, que terá pela frente a empreitada de comandar a Capital em meio aos desdobramentos da tragédia. Ao PT, além do exercício da oposição, serão necessárias a avaliação e a autocrítica sobre os equívocos, que não foram poucos.