Resultado do IPCA-15 reforça probabilidade de alta da Selic, apontam analistas

Selic deva alcançar 12% ao ano ao final deste curto ciclo de restrição monetária

Crédito: Freepik

Apesar de já ser esperada uma aceleração na variação dos preços ao consumidor em setembro, a mais recente leitura do IPCA-15 apontou uma alta mais severa e disseminada. Estes resultados devem reforçar as expectativas de Selic mais elevada e por mais tempo. A análise consta do relatório de mercado da equipe econômica do Banrisul, lembrando que o indicador, considerado a prévia da inflação oficial no País, registrou variação mensal de 0,54% em outubro, superando a projeção mediana de mercado e indicando a maior taxa para o mês desde 2021.

“Como antecipamos à época da divulgação do IPCA de setembro, o comportamento da inflação corrente voltou a indicar a necessidade de manutenção de uma atitude bastante cautelosa da autoridade monetária em relação a suas atribuições. Ainda que já fosse amplamente esperada uma aceleração do ritmo de alta do IPCA-15, o que os dados da mais recente leitura apontaram foi uma deterioração mais disseminada e grave, refletindo os impactos da concretização de alguns riscos relevantes ao cenário inflacionário”, diz o documento.

Para os técnicos, houve alta especialmente nos preços de alimentos e de energia, somarando-se a um contexto de mercado de trabalho aquecido, cujos efeitos são mais notados na medida de inflação de serviços subjacentes. “Diante dessa evolução do quadro econômico, reforçamos nossa avaliação de que há elevada probabilidade de que a intensidade da próxima alta de juros seja maior e que a Selic deva alcançar 12% ao ano ao final deste curto ciclo de restrição monetária”, acrescenta o documento.

INDICADOR

Conforme os dados do IBGE, a energia elétrica representou a principal influência de alta para o IPCA-15 de outubro, com um impacto de 0,21 ponto percentual no índice cheio. Entre os nove grupos utilizados para o cálculo do indicador, foram notadas altas maiores do que no mês anterior em Alimentação e bebidas (de 0,05% para 0,87%), Habitação (de 0,50% para 1,72%), Artigos de residência (de 0,17% para 0,41%), Vestuário (de 0,12% para 0,43%), Saúde e cuidados pessoais (de 0,32% para 0,49%), Despesas pessoais (de -0,04% para 0,35%) e Comunicação (de 0,07% para 0,40%). Em sentido contrário, o grupo Transportes intensificou a variação negativa (de -0,08% para -0,33%) e o grupo Educação repetiu a taxa de 0,05%. Já a média dos cinco núcleos monitorados pelo Banco Central (BCB) passou de uma alta mensal de 0,18% em setembro para 0,43% em outubro, levando a variação acumulada em 12 meses a uma alta de 3,81%;