Os altos índices de abstenção registrados no primeiro turno das eleições municipais deste ano em parte das cidades gaúchas preocupam o Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Entre estados, o RS foi o sexto maior em número de eleitores que optaram por não votar no primeiro turno (23,69%). Porto Alegre foi a recordista entre as capitais do país, com um índice de 31,51%. E, no ranking das cidades gaúchas, Canoas, terceiro maior colégio eleitoral do Estado, foi a que teve o maior número de eleitores faltantes (31,83%).
“Uma das questões que nos preocupa muito é a abstenção, que realmente se fez presente em algumas situações. Vamos intensificar a campanha em favor do voto e já adotamos algumas providências. Conversamos, por exemplo, com juízes eleitorais e chefes dos cartórios eleitorais para que, dentro do possível, procurem fazer um apelo às suas cidades, no sentido de que votem no próximo dia 27. É com o voto que se afirma nossa democracia. E, quanto menor a abstenção, mais legitimidade têm os eleitos”, elencou, nesta segunda-feira, o presidente do TRE/RS, desembargador Voltaire de Lima Moraes.
O desembargador abordou a questão durante coletiva de imprensa para apresentar dados do primeiro turno e tratar de ações para o segundo nas cinco cidades gaúchas onde ele ocorrerá.
Em Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, Pelotas e Santa Maria os eleitores voltarão às urnas no próximo domingo, 27 de outubro, para escolher seus prefeitos entre os dois mais votados na primeira etapa do pleito. O segundo turno ocorre em cidades com mais de 200 mil eleitores nas quais, no primeiro, nenhum dos candidatos ao Executivo tenha obtido maioria absoluta (50% dos votos válidos mais um).
Em Canoas, recordista de abstenções, foi desenvolvida iniciativa específica. Após constatar que na cidade, uma das mais atingidas pelas enchentes de maio, uma parcela de eleitores não votou no primeiro turno por não ter documentação, o TRE contatou a secretaria da Segurança Pública e foi desencadeada ação para agilizar a confecção de documentos. Eles ficarão prontos nesta semana.
Lima Moraes ressalvou, contudo, que as consequências das enchentes não podem ser consideradas o único motivo para o aumento dos faltantes. E anunciou a realização, em 2025, de um evento, com três dias de duração, para aprofundar as reflexões a respeito dos motivos da abstenção.
Os debates vão reunir sociólogos, analistas políticos, jornalistas, juristas, partidos e políticos. O Tribunal pretende ainda incrementar o projeto ‘Eleitor do Futuro’, firmando convênios com a secretaria estadual e com secretarias municipais da Educação. O objetivo é levar para as escolas informações que tratem da importância do voto e da democracia.