Produtividade na indústria permaneceu estável no segundo trimestre, aponta CNI

Cenário é resultado de aumento, a um ritmo semelhante, das horas trabalhadas em relação à produção

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A produtividade do trabalho da indústria de transformação brasileira permaneceu praticamente estável no segundo trimestre de 2024, variando -0,3% em relação ao primeiro trimestre. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 17, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O resultado ocorre após o registro de queda de 1,4% no primeiro trimestre do ano, quando a série apresentada pela pesquisa Produtividade na Indústria interrompeu a tendência de alta observada desde o segundo trimestre de 2023. 

A quase estabilidade do indicador, calculado como a razão entre o volume produzido e as horas trabalhadas na produção, é explicada pelo ritmo semelhante de crescimento das variáveis que o compõem. O resultado se deu por aumento de 0,9% na produção e de 1,3% nas horas trabalhadas. 

Esse comportamento reflete acomodação das horas trabalhadas, que cresceu a um ritmo menor que o apresentado no primeiro trimestre do ano, acompanhada de manutenção do ritmo de alta da produção”, explica a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.

O levantamento mostra ainda que a demanda interna por bens manufaturados tem crescido nos últimos três trimestres, o que indica que há espaço para a produção industrial nacional seguir crescendo, visto que parte da demanda é atendida por importações, que vêm aumentando. Além disso, com os novos trabalhadores que vêm sendo contratados, a expectativa é de que, à medida em que sejam encerrados os ciclos de treinamento, haja crescimento do produto por trabalhador, resultando na melhoria do indicador avaliado.

RECUPERAÇÃO

Também há sinais de recuperação do indicador, quando a produtividade é medida pelo número de trabalhadores. Nesse caso, a produtividade do trabalho cresceu 0,4%, no segundo trimestre do ano, em relação ao trimestre imediatamente anterior. É o melhor resultado do indicador desde o segundo trimestre de 2022.

Na avaliação da CNI, as medidas recentes, anunciadas pelo governo federal, são importantes para uma trajetória sustentada de crescimento, pois criam melhores condições para as empresas investirem na modernização industrial.

É o caso das linhas de financiamento do eixo Indústria Mais Produtiva do Plano Mais Produção, do programa Brasil Mais Produtivo, no âmbito do plano Nova Indústria Brasil, e a recém regulada Lei de Depreciação Acelerada. Também concorre para o sucesso dessas medidas a garantia de um ambiente de negócios favorável ao investimento”, enfatiza Samantha Cunha.

A indústria teve dificuldade de elevar a produção ao longo do ano por conta da baixa demanda por bens manufaturados, que caiu 1,7% em 2023. A demanda interna insuficiente foi um dos principais problemas enfrentados pela indústria ao longo do ano passado, de acordo com a Sondagem Industrial da CNI. Essa é uma das questões apontadas pelos empresários industriais desde o quarto trimestre de 2022, impactando cerca de 30% das empresas.

Na última década (2013-2023), a produtividade acumulou queda de 1,2%. Esse resultado reflete redução de 16,5% nas horas trabalhadas e redução maior no volume produzido, de 17,4%. Na primeira metade da década, até 2018, a produtividade acumulou um crescimento de 7,1%. Esse ganho, no entanto, foi mitigado pela queda de 7,8% observada na segunda metade da década.

A demanda retraída e as elevadas taxas de juros foram entraves para o aumento do investimento. Para a CNI, a retomada desse investimento é fator-chave para a produtividade seguir uma trajetória de crescimento de forma mais acelerada e sustentada.