Capital tinha mais de 352 mil pessoas inadimplentes em setembro, diz CDL Porto Alegre

No estado este total supera os 2,7 milhões de CPF’s

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O levantamento elaborado pela Assessoria Econômica da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), mostra uma terceira elevação consecutiva no indicador de inadimplência de Pessoas Físicas (PF), enquanto o índice de Pessoas Jurídicas (PJ) apresentou queda pelo quarto mês seguido. O Indicador de Inadimplência CDL POA de setembro para PF no Rio Grande do Sul chegou a 31,67%, ou seja, aumento de 0,31 ponto percentual em relação a agosto.

Em Porto Alegre também houve crescimento, porém a alta foi 0,19 ponto percentual, totalizando 32,79%. Apesar dessas elevações, ambos permaneceram abaixo dos níveis pré-enchente, em abril: 32,61% no Estado e 34,34% na Capital. Atualmente, 2,715 milhões de CPF’s no RS e 352.480 em Porto Alegre estão negativados segundo estimativas baseadas no Censo 2022 do IBGE e em dados da Equifax | Boa Vista.

O economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, explica que o aumento da inadimplência entre as famílias possivelmente esteja atrelado ao uso gradual dos recursos financeiros para enfrentamento das enchentes. “Parte do montante destinado ao enfrentamento da tragédia climática, como o dinheiro dos auxílios, o Saque Calamidade do FGTS, os adiantamentos de benefícios do governo e a concessão de carências para determinados impostos e financiamentos foi usada inicialmente para quitar dívidas. No entanto, à medida que esses recursos se esgotam e o consumo retoma um certo padrão de normalidade, os indicadores de inadimplência tendem a subir novamente”, analisa Frank.

PESSOA JURÍDICA

Em contrapartida, a inadimplência de PJ apresentou redução em setembro. No Rio Grande do Sul, o índice caiu de 13,88% para 13,80%, e, em Porto Alegre, de 14,87% para 14,74%, alcançando os menores níveis em um ano e meio. Com base nas estatísticas do Mapa das Empresas, o total de CNPJ’s negativados chega a 200.282 no Estado e 34.195 na Capital.

Segundo Oscar Frank, essa tendência de queda no indicador de PJ é sustentada por medidas emergenciais voltadas para apoiar as empresas e as famílias atingidas pelos desastres climáticos. “A liberação de linhas especiais de crédito aos empreendimentos impactados, associada à injeção de liquidez junto aos consumidores, contribuiu para o recuo da inadimplência. Além disso, os efeitos defasados do ciclo de queda da Taxa Selic, entre agosto de 2023 e maio de 2024, provavelmente ainda estão influenciando os números”, afirma o economista.

A expectativa para os próximos meses é de que o cenário de inadimplência continue a ser influenciado pelos movimentos da política monetária. “Há um desafio considerável no futuro, especialmente no que diz respeito à trajetória dos juros. Nossas projeções indicam que a Selic pode ser ajustada para 12,25% ao ano até o final do ciclo, o que pressionaria ainda mais a inadimplência”, finaliza Frank.