As chances da campanha de Maria de Rosário (PT) contar com a presença do maior cabo eleitoral do PT se tornaram ainda mais difíceis. A possível vinda do presidente Lula para Porto Alegre para participar de uma prévia da abertura do aeroporto Salgado Filho, cuja reabertura parcial está marcada para próxima segunda-feira, 21, foi cancelada. A visita seria a principal desculpa para a campanha de Rosário pleitear algum ato junto do presidente. Já na próxima semana, última antes do segundo turno, a agenda do presidente deverá focar na reunião da cúpula do BRICS, que ocorre de 22 a 24 de outubro, na Rússia.
Coordenadora da campanha, a deputada Laura Sito (PT) minimizou o não-comparecimento. “Isso, de forma alguma, significa a não priorização do presidente Lula, que nos mandou diversos vídeos que estão sendo utilizados nos programas de TV e rede sociais”, afirmou. Ela relembrou, ainda, que o presidente não vem ‘casando’ as agendas de governo, como inauguração de obras, com agendas de campanha.
Apesar do baque ainda não ter sido completamente calculado, nos bastidores é sabido que a ausência do presidente acarreta uma perda de potenciais votos para a deputada federal, tanto daqueles eleitores que não foram votar, quanto dos que não votaram nela no primeiro turno.
Com Rosário chegando ao segundo turno com 26,28% dos votos válidos contra os 49,72% de Sebastião Melo (MDB), a missão da petista vai além de atrair os eleitores de Juliana Brizola (PDT) – que declarou, oficialmente, apoio à Rosário na semana passada. Ela precisa convencer aqueles 31,51% de porto-alegrenses que não foram às urnas a votarem nela e, ainda, tentar virar o voto dos eleitores que votaram em Melo neste ano mas, em 2022, elegeram Lula. O presidente venceu na Capital gaúcha nos dois turnos.
Por isso, uma maior participação do presidente na campanha de Rosário era uma expectativa dos articuladores. Henrique Fontana, ex-deputado federal e secretário-geral do PT Nacional, defendeu a presença de Lula na campanha de Rosário, em Brasília, mas não teve sucesso, embora nutrisse expectativa.
Sem a presença de Lula, a campanha deverá ‘colar’ no prefeito a imagem de bolsonarista, a fim de atrair o voto desse eleitor que foi “Melo em 24 e Lula em 22”. A estratégia é mostrar a ligação da vice, Betina Worm, militar recém filiada ao PL, mas de “confiança da família Bolsonaro”, e “mostrar quem é Sebastião Melo”, ao explorar a ideia de que o prefeito pode deixar a prefeitura daqui a dois anos para concorrer ao governo do Estado.
A última vez que o presidente esteve em solo gaúcho foi em 16 de agosto, início do primeiro turno. Em Porto Alegre e São Leopoldo, Lula participou da inauguração de obras. Impedida pela lei eleitoral, Rosário não compareceu em nenhuma das agendas.