Mais de 80% (82,3%) dos empresários do setor atacadista gaúchos não tiveram receitas para enfrentar as despesas com o impacto das enchentes de maio. A informação consta da segunda edição da sondagem atacadista de 2024 realizada pela Fecomércio-RS durante o período de 12 de agosto de 2024 a 28 de setembro de 2024, ao constatar também que 71,2% foram atingidas pelas cheias do período, enquanto 21,3% reportaram terem sido impactados diretamente pela tragédia
Para passar por esse período crítico, entre os que não conseguiram fazer frente às despesas, predominou o uso das reservas, tanto da empresa (71,0%) quanto dos sócios (49,8%). Apenas 5,0% entre os que não tiveram receita tomaram crédito em linhas específicas direcionadas aos afetados pela tragédia, enquanto 9,8% contrataram empréstimos em linhas habituais. A sondagem também mostra que, entre todos entrevistados, 20,3% tentaram acessar as linhas de crédito direcionado aos afetados, mas não conseguiram.
Sobre o momento atual, a sondagem identifica que 54,0% avaliam não estar recuperados financeiramente da tragédia, sendo que 42,3% preveem que devem levar no mínimo três meses para se recuperar. Em relação ao faturamento, 43,3% avaliam que o nível ainda está abaixo ao que era esperado antes da tragédia. Entre os empecilhos ao crescimento das vendas, destaca-se, para além dos aspectos habitualmente indicados pelo segmento (crescimento da economia brasileira, concorrência e carga tributária), o aumento dos custos logísticos (25,7%), a incerteza quanto a novas tragédias no RS (22,1%) e as condições de infraestrutura (20,3%).
“A sondagem mostra que os Atacados foram fortemente afetados pelas cheias de maio. As perdas, patrimoniais e de faturamento, foram grandes e vão demandar esforço financeiro e gerencial relevantes. O que a Sondagem mostra é que, infelizmente, especialmente nas medidas de crédito, muitos não foram atendidos”, comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, após citar o elevado grau de desapontamento do segmento com as medidas anunciadas para as empresas. Entre os entrevistados, 73,3% discordam que as ações do governo federal para auxiliar a reconstrução e a retomada das empresas foram suficientes
A segunda edição da sondagem atacadista de 2024 também impactou o perfil do segmento, a percepção dos empresários sobre o impacto nos negócios da tragédia de maio, a situação atual, a avaliação quanto aos auxílios ao setor empresarial e as expectativas quanto ao futuro próximo.