A escola, que tinha 522 alunos em 2023, foi duramente atingida pela inundação e, ao retornar, estabeleceu aulas online para alunos cujos pais moram fora da ilha. No entanto, eles alegam que a escola estaria cancelando a medida, baseada no laudo que libera a outra parte. Até então, a Almirante Barroso havia confirmado que continuaria com o ensino remoto. Com a vistoria demandada, o engenheiro constatou que o segundo andar, onde está a sala dos professores, e o térreo do edifício logo abaixo estariam comprometidos, inclusive contendo pilares com rachaduras.
O laudo também indica a interdição de uma área da parede externa do prédio principal da escola até a beira do rio Jacuí. A situação divide opiniões, e a página da Almirante Barroso retirou do ar do Facebook uma publicação detalhando o conteúdo do documento, mas a reportagem teve acesso a ele. Questionada, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) encaminhou nota conjunta com a SOP, em que ambas afirmam estarem “acompanhando a situação”.
“Estamos verificando a melhor forma de acolhimento aos estudantes e retomada das atividades presenciais”, diz a nota. A secretaria não respondeu o motivo da exclusão do conteúdo do laudo na rede social. Ocorre que, além do que foi constatado no laudo, o solo está cedendo nos fundos do colégio em ritmo acelerado depois das últimas enchentes. “Queremos que a Seduc dê um jeito de fazer um muro de contenção. Cada vez que a água subir ou que houver uma chuva mais forte, vai erodir cada vez mais”, afirma a dona de casa Susi Andrade, mãe de um aluno do colégio.
Os pais ainda afirmam que teria sido proposta a realocação temporária na Escola Estadual Maria José Mabilde, também na Pintada. Segundo ela, que relata ter apoio de diversos outros pais, a força da correnteza na área pode ter comprometido as estruturas do colégio. Susi defende que as aulas online continuem ao menos até o final do ano. “Temos medo, porque o segundo piso da escola é enorme, e é o local onde têm mais alunos estudando. A gente não quer que as aulas retornem da forma que está”, salientou.
Sem se identificar, membros do colégio disseram que a estrutura do colégio não foi comprometida, e que já há uma manutenção em andamento. A pescadora Carla Graziele de Ávila é mãe de uma aluna de 14 anos que está no 9º ano do Ensino Fundamental, e ainda tem três sobrinhas no mesmo colégio. De acordo com ela, que tem uma opinião diferente, o problema não é necessariamente com a interdição do prédio da escola, mas os fundos.
“Não queremos que interdite parcialmente, nem nada. Estamos confiando nos engenheiros técnicos de que a escola está estruturalmente bem, e vemos que realmente está. Desde que estudei aqui, o colégio nunca teve problemas, a não ser agora, nas enchentes”, observou ela. O muro de contenção também é defendido pela mãe, outra parte dos pais e funcionários da escola. “Queremos um muro para dar mais segurança a alunos, professores, funcionários e todos os que vêm acessá-la. Precisamos desta escola, e que o poder público faça alguma coisa. Não queremos que ela feche, porque, se fechar, acaba a ilha”, comentou ela.