Força de trabalho e população ocupada alcançam maiores níveis no Brasil desde 2012

A força de trabalho brasileira conta com 109,4 milhões de pessoas e população ocupada é de 101,8 milhões.

Indústria lidera com 32% das ofertas | Foto: Agência Brasil

A força de trabalho atingiu 109,4 milhões de pessoas no Brasil, e a população ocupada chegou a 101,8 milhões. É o que revela o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em seu 78ª edição do Boletim de Mercado de Trabalho: Conjuntura e Análise (BMT) divulgado nesta quarta-feira, 9. A análise abrange até o segundo trimestre de 2024 e revela uma trajetória positiva.

Esses resultados representam os maiores níveis desde o início da série histórica da PNAD Contínua criada em 2012. Foram registrados aumentos de 1,7% na força de trabalho e 3,0% no volume de pessoas ocupadas — comparação do segundo trimestre de 2024 com o mesmo período de 2023. O emprego formal também apresentou crescimento, com uma alta de 4,0% em relação ao segundo trimestre de 2023, segundo os dados da PNAD Contínua. O Novo Caged registrou a criação de 1,7 milhão de novas vagas com carteira assinada, representando um aumento de 3,8% no período, confirmando a tendência de alta.

DESOCUPAÇÃO EM QUEDA

A taxa de desocupação atingiu seu menor nível desde o quarto trimestre de 2014, caindo para 6,9%. As quedas foram significativas em diversas categorias e, exceto no recorte por gênero, as reduções no desemprego contribuíram para a diminuição das desigualdades dentro de cada grupo. A taxa de desemprego de longo prazo também caiu (-1,5 ponto percentual), e houve uma pequena redução no desalento (-0,4 ponto percentual).

Entre os setores da economia, destacaram-se os de transporte (7,5%), informática (7,5%) e serviços pessoais (5,7%). O crescimento do emprego formal foi observado na maioria dos setores, com exceção da agropecuária (-3,8%), dos serviços domésticos (-3,3%) e do setor de utilidade pública (-0,1%).

A renda média também cresceu no segundo trimestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior, com um aumento real de 5,8%, encerrando o trimestre em R$ 3.214. A massa salarial real registrou um crescimento expressivo de 9,2% em termos interanuais, atingindo R$ 322,6 bilhões, um acréscimo de R$ 27 bilhões em relação ao primeiro trimestre de 2023.

DESAFIOS

Os pesquisadores alertam para alguns desafios. A estabilidade das taxas de subocupação e de participação da força de trabalho nos últimos trimestres são motivos de preocupação. É crucial entender por que o número de inativos permanece elevado, totalizando 66,7 milhões de pessoas fora da força de trabalho. Entre elas, 3,2 milhões desistiram de procurar emprego devido ao desalento – um grupo que deveria ser prioridade para a reintegração ao mercado de trabalho. Os pesquisadores enfatizam a necessidade de investigar mais profundamente as causas desse desalento e de investir em políticas eficazes para atrair essa parcela da população para oportunidades produtivas.

Outro ponto de preocupação é o setor agropecuário, que registrou sua nona redução consecutiva na população ocupada. Além disso, problemas estruturais continuam a impactar o mercado de trabalho, com muitos trabalhadores ainda presos a empregos informais, sem acesso a proteções sociais e trabalhistas. As desigualdades regionais, de gênero, raça, idade e escolaridade, tanto em termos de oportunidades de inclusão produtiva quanto de rendimento médio mensal, também permanecem como desafios críticos.