Alimentos deverão impactar inflação em setembro

Tensão está no resultado acumulado de 12 meses que poderá ultrapassar a meta de 4,5%

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Um dia antes da divulgação do IPCA de setembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fundação Getulio Vargas (FGV) anunciou que o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) registrou alta expressiva de 1,03% em setembro, após um avanço de 0,12% em agosto. Com esse resultado, o índice acumula elevação de 3,12% no ano e de 4,83% nos últimos 12 meses. Em comparação, em setembro de 2023, o IGP-DI havia apresentado alta de 0,45% no mês, mas com queda acumulada de 5,34% nos 12 meses anteriores.

No centro do ajuste está a variação de preços ao produtor, da soja, bovinos, leite e laranja, registraram alta expressiva entre agosto e setembro, colocando os produtos agrícolas como os principais responsáveis pela aceleração da inflação ao produtor. Uma pesquisa da Neogrid, ecossistema de tecnologia e inteligência de dados que oferece soluções para a gestão da cadeia de consumo, apontou que produtos essenciais, como café, feijão, carnes e leite, estão mais caros por conta dos incêndios que atingem o país.

Os dados mostram que a categoria de carnes foi o segmento mais prejudicado pela elevação dos preços no período de seis semanas. Entre o início de agosto e meados de setembro, os segmentos de bovinos com as maiores altas foram picanha (43,5%) de R$59,62 para R$85,56, contrafilé (32,7%) de R$44,80 para R$59,44, acém (22,9%) de R$30,42 para R$37,40 e patinho (21%) de R$39,70 para R$48,04.

Analistas ouvidos apontam que o indicador oficial da inflação desta quarta-feira deverá refletir o impacto da seca e dos aumentos na conta de luz, além dos preços dos produtos agrícolas. A equipe econômica do Banrisul aposta numa variação próxima dos 0,48%, muito distante da deflação de 0,02% em agosto, mas que poderá ameaçar o comprometimento do teto máximo da inflação estabelecida pelo Banco Central, que em agosto chegou a 4,24%. Vale lembrar que o centro da meta de inflação é de 3%, com limite de tolerância de 1,5 ponto percentual acima ou abaixo da meta.