A inflação volta à cena na semana que entra e depois do domingo de eleições municipais no Brasil. Serão conhecidos o índice de preços ao consumidor de setembro do Brasil, dos EUA e da China. O período será movimentado com discursos de várias autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e dados de atividade setorial no Brasil, além de indicadores do mercado de trabalho do Japão.
Entretanto, o holofote principal no Brasil é a divulgação do IPCA de setembro na próxima quarta-feira, 9, às 09h, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa do mercado é de que os preços tenham acelerado no mês passado, após o registro de deflação de 0,02% em agosto. A expectativa é de uma variação entre 0,4% e 0,5% no mês de setembro.
Conforme o analista da plataforma Investing.com, Leandro Manzoni, o grande vilão é sentido por todos, não somente na economia: a seca que assola boa parte do território brasileiro, impactando negativamente a produção de alimentos, o escoamento de mercadorias por hidrovias e a produção de energia nas hidrelétricas. “Vale lembrar que a conta de energia tinha uma cobrança extra sob a bandeira vermelha 1. E a seca deve continuar a impactar os preços de energia, com o acionamento da bandeira vermelha 2 em outubro”.
META DA INFLAÇÃO
Para ele, resta saber a dimensão da alta em setembro. A prévia do IPCA para o mês registrou alta de 0,15%, fortemente influenciado pela deflação de agosto. “O receio do mercado é se a inflação acumulada em 12 meses tenha ultrapassado o limite superior da meta de inflação, o que deve adicionar mais uma pressão sobre o Comitê de Política Monetária (Copom) em adicionar velocidade à alta da taxa Selic e uma taxa terminal maior no ciclo de aperto recém-iniciado”, diz.
Vale lembrar que o centro da meta de inflação é de 3%, com limite de tolerância de 1,5 ponto percentual acima ou abaixo da meta. Não menos importante para a política monetária brasileira serão os dados de vendas no varejo e do volume de serviços de agosto.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também divulgará nessa semana a Pesquisa Mensal do Comércio, que o mercado estima que mostrará desaceleração, e a Pesquisa Mensal do Serviço, que deve trazer crescimento mensal modesto
AQUECIMENTO
Uma economia aquecida com um mercado de trabalho dinâmico não é exclusividade brasileira. A criação de empregos e dados relevantes de atividade, especialmente o PMI ISM do setor de serviços, vieram acima do esperado na última semana nos EUA, o que deve diminuir a velocidade do Fed no corte da taxa de juros. A última semana teve uma bateria de dados do mercado de trabalho, cujos resultados corroboram o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell.
“O chair do Fed disse na última terça-feira, 1,ipca que 2024 terá uma redução adicional de meio ponto percentual na taxa de juros. Isso significa que pode ser dois cortes de 25 pontos-base ou um corte de meio ponto percentual em uma reunião com manutenção em outra. As duas últimas reuniões de política monetária de 2024 ocorrem em 7 de novembro e 18 de dezembro”, comenta Manzoni.
A geração de mais de 250 mil empregos em setembro nos EUA eliminou do mercado na sexta-feira, 4, as apostas de cortes de meio ponto percentual na taxa de juros no Fed na reunião de novembro. A expectativa é de um corte de 25 pontos-base, com início de apostas para a manutenção dos juros no intervalo entre 4,75% e 5%. As projeções majoritárias para dezembro são de um novo corte adicional de 0,25 ponto percentual.