Em meio à crise climática no Brasil e ao novo aumento na conta de luz dos brasileiros, que subirá a partir de outubro com a bandeira vermelha patamar 2, um adicional de quase 8%, com R$ 7,877 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos no mês, resultado do acionamento de termelétricas fósseis emergenciais, a geração renovável, incluindo as fontes solar, eólica, biomassa e hídrica, tem colaborado para o abastecimento elétrico, de forma limpa, sustentável e competitiva. Adicionalmente, as fontes renováveis têm evitado uma escalada ainda maior na emissão de poluentes para a geração de eletricidade no País, considerando o atual momento de mais queima de combustíveis fósseis enfrentado pelo setor.
Segundo mapeamento da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (ABSOLAR), com base em dados e estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a fonte solar foi responsável por 9,6% de todo o suprimento elétrico do Brasil, entre os meses de agosto e setembro de 2024, com mais de 7,5 mil megawatts médios (MW médios), tendo pouco mais da metade do abastecimento vindo da geração própria solar (4,6 mil MW médios), ou seja, sistemas solares instalados em telhados e pequenos terrenos. Somando também as demais fontes renováveis, como hídrica (49 mil MW médios), eólica (11 mil MW médios) e biomassa (1,4 mil MW médios), o abastecimento renovável neste período chegou a cerca de 90,4% da demanda elétrica brasileira.
Na avaliação da ABSOLAR, esse cenário poderia ser ainda mais preocupante. Com mais de 47 gigawatts (GW) de potência instalada operacional, somando as grandes usinas e os pequenos sistemas de geração própria solar, a tecnologia fotovoltaica já evitou a emissão de 57 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade desde 2012.
CRISE HÍDRICA
Durante a crise hídrica anterior, de 2021, até então a maior dos últimos 91 anos, o governo criou a “bandeira vermelha escassez hídrica” e os consumidores arcaram com custos adicionais de R$ 28 bilhões, por conta do uso de todas as termelétricas fósseis emergenciais e da importação de eletricidade da Argentina e Uruguai. A consultoria especializada Volt Robotics fez estudo sobre o papel da geração distribuída solar naquele período e constatou que o custo teria sido de R$ 41,6 bilhões, ou seja, 48,6% maior, caso a sociedade não tivesse geração própria solar. Naquela época, o Brasil tinha apenas 7,5 GW em sistemas solares em telhados e pequenos terrenos.
Segundo a associação, a atual crise climática no Brasil, que já acumula impactos bilionários à sociedade, com alagamentos, secas históricas, queimadas e mais gastos com saúde pública, estaria num patamar ainda pior, se não fosse o alívio à demanda e aos recursos hídricos, proporcionados pelas fontes renováveis não-hídricas. “Sem estas fontes renováveis, as tarifas estariam mais altas, o risco ao abastecimento seria maior e o ar estaria sobrecarregado com mais poluentes e gases de efeito estufa”, aponta Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR.
Na visão de Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, o atual cenário acende um alerta para a necessidade de reforçar o planejamento e os investimentos na infraestrutura do setor elétrico, sobretudo em linhas de transmissão e novas formas de armazenar a energia limpa e renovável, gerada em abundância no País.