Dados da economia dos EUA sinalizam tendências

Mercado aguarda falas de dirigentes do banco central norte-americano

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Os indicadores econômicos do exterior vão guiar os mercados na semana. A virada de mês é sinônimo de dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos, especialmente agora que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) está com enfoque sobre os números da geração de empregos e da taxa de desemprego, um dos objetivos do mandato da autoridade monetária (junto com a estabilidade de preços).

O indicador de inflação preferido do Fed, o índice de preço de gastos dos consumidores (PCE, na sigla em inglês), registrou números abaixo do esperado no índice cheio e no núcleo, no qual são excluídos preços de itens voláteis como alimentos e energia. O índice cheio anual registrou alta de 2,2% na base anual, próximo da meta de 2% ao ano, embora o núcleo ainda esteja um pouco mais distante da meta, registrando um avanço anual de 2,7%. Dessa forma, notícias negativas no mercado de trabalho podem facilitar o trabalho na reunião de 7 de novembro.

“Os investidores estão divididos se o Fomc (sigla em inglês do Comitê Federal de Mercado Aberto do Fed) vai prosseguir o atual ciclo de flexibilização monetária com um corte menor, de 25 pontos-base, ou com uma continuidade de queda de meio ponto-percentual. Caso indicadores como Ofertas de Emprego JOLTS e a geração de empregos no Relatório de Emprego Não-Agrícola (Payroll) vierem abaixo do esperado, junto com uma taxa de desemprego acima das projeções, as apostas do mercado devem se encaminhar para um corte de meio ponto percentual”, comenta Leandro Manzoni, da plataforma Investing.com.

POUSO SUAVE

Para ele, este jogo não é simples e binário. As falas das autoridades do Fed começaram essa semana, muitas delas justificando o corte de meio ponto percentual no encontro de 18 de setembro. É possível que essa linha discursiva continue preconizando o conservadorismo da autoridade monetária ante a sinalização clara de trajetória da taxa de juro. O quadro se torna mais complexo com os dados robustos de atividade. “Embora o mercado trabalhe com a narrativa de que a economia se encaminha para um “pouso suave”, ou seja, uma desaceleração econômica mantendo uma atividade robusta com estabilidade de preços, os dados de atividades ainda não estão apontando para isso”, comenta Manzoni

O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA avançou 3% na taxa anualizada, e continua rodando nesse patamar no terceiro trimestre, segundo previsões do GDPNow do Fed de Atlanta. Se o mercado de trabalho estiver apontando maior número de demissões e menor geração de emprego mesmo com a atividade se mantendo aquecida, é provável que a economia dos EUA esteja crescendo com ganhos de produtividade. O forte crescimento de 3,5% nos lucros corporativos no 2º trimestre – revertendo a queda de 1,4% no trimestre anterior – apontam essa tendência, um dos motivos que ajudaram o S&P 500, principal índice de ações de Wall Street, a registrar nesta última semana novos recordes de pontuação.

“Mas, liga um sinal de alerta de uma maior probabilidade de crescimento menor nos próximos trimestres, já que o consumo das famílias é o carro-chefe da atividade econômica dos EUA. O quadro da renda e gastos dos consumidores já apresentaram desaceleração em agosto, com um número, inclusive, abaixo do esperado. Se essa tendência se confirmar, o corte de meio ponto percentual do Fed em novembro deve se concretizar, mesmo com uma atividade econômica forte, já que o mandato do Fed é sobre o mercado de trabalho”, diz o analista.