A saúde pública de Porto Alegre está sobrecarregada. Capital do Rio Grande do Sul, a cidade recebe diversos pacientes de diversos municípios e tem dificuldades para atender pacientes, principalmente nas áreas de urgência e emergência.
“Estamos com uma população de aproximadamente 1,4 milhão de pessoas em Porto Alegre. Hoje, para situações de urgência e emergência clínicas, adulta e pediátrica, nossa Capital possui a UPA Moacyr Scliar e três pronto atendimentos, além de contratualização de serviço terceirizado para apoiar a rede. A demanda deste tipo de atendimento é cada vez maior, sem previsibilidade e sazonalidade. A rede opera sobrecarregada e acima da capacidade instalada em todo sistema público”, apontou o cirurgião Gerson Junqueira Júnior, presidente da Amrigs.
Ele subiu ao palco do debate para questionar aos candidatos Sebastião Melo (MDB), Maria do Rosário (PT), Juliana Brizola (PDT) e Felipe Camozzato (Novo) quais são os projetos para a rede de atendimento em urgência e emergência. “Telemedicina, investimentos e as terceirizações devem ser mantidas?”, perguntou também.
Primeira a responder, por ordem definida em sorteio, Rosário prometeu foco no Sistema Único de Saúde. “Vou trabalhar o SUS como sistema efetivamente. Significa pensar atenção na saúde básica e especializada de forma articulada, além de uma melhor relação com a referência e contrarreferência”, disse.
“Escuto candidatos queixarem-se da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) ou do interior. Porto Alegre é Capital. Tem que continuar sendo referência. Eu vou me antecipar a problemas. Se um hospital fechar em Viamão, vou me antecipar. Também vamos ampliar a saúde da família, trabalhar mais UPAs e trabalhar policlínicas. As pessoas procuram urgência e emergência porque a atenção básica não funciona”, completou.
Em seguida, respondeu o candidato à reeleição. “Acredito muito no SUS. Ele é tripartite. É universal e dor não tem fronteira. Agora, o sistema tem que ser compartilhado. O responsável pelo RS é o governo do Estado. O hospital de porta aberta custa 10 vezes mais e a Grande Porto Alegre desarranjou o sistema. O paciente de Viamão vem pra UPA da Bom Jesus, da Lomba do Pinheiro, da Moacyr Scliar, que, no mínimo, se não tiver 40% das pessoas eu renuncio meu mandato”, disse Melo.
“Nós avançamos muito na atenção básica. De 279 equipes para 390 é um avanço importante. Transformar os pontos de referência em policlínica é importante para o futuro da cidade. Agora, não se resolve em seis meses. Eleição é o momento da verdade. Um grande descrédito da política é prometer o que não pode ser feito”, concluiu.
Juliana destacou o fato de ter um médico na chapa. “Vamos construir as saídas da saúde de Porto Alegre com vocês, Amrigs e Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), com quem conhece os problemas da saúde e como resolvê-los. Não à toa, meu vice é o Dr. Thiago, que é médico”, disse a pedetista.
Também prometeu incrementar a telemedicina: “Vamos trazer inovação, com a telemedicina, mas telemedicina de médico para médico. Se vou me consultar com um clínico-geral com problema no coração, ele liga para um cardiologista. Isso diminui a jornada do paciente, tão crucial para a cura. Vamos incentivar médicos recém formados a venderem suas horas pelo SUS, para ter especialistas que tanto faltam para os postos de saúde, para ajudar a terminar com a fila. Não somos contra a terceirização, somos a favor, queremos parcerias na saúde, mas a prefeitura não pode se eximir de fiscalizar”.
Camozzato foi o último a responder e prometeu foco na prevenção. “Acreditamos que é preciso garantir a prevenção para depois não remediar com alto custo de cura. Para isso, precisamos de uma melhor assistência básica.
“Teremos telemedicina não apenas de médico para médico, mas para paciente é fundamental. A telessaúde da Ufrgs está pesquisando Inteligência Artificial para atender pacientes. Vamos fazer o contrário do que o PT fez, que cortou atendimentos em telemedicina. Vamos avançar em parcerias junto com especialistas”, completou.