O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) promoveu um debate entre os candidatos à prefeitura de Porto Alegre, na noite desta terça-feira, em que só partidos de esquerda compareceram: Maria do Rosário (PT), César Pontes (PCO), Fabiana Sanguiné (PSTU) e Luciano Schaefer (UP).
Mesmo que todos tenham sido convidados, segundo a direção do Simpa, o evento foi recheado de ausências. O prefeito Sebastião Melo (MDB), que concorre à reeleição, e os candidatos Juliana Brizola (PDT), Felipe Camozzato (Novo) e Carlos Alan (PRTB) não compareceram.
Com todos os debatedores do mesmo espectro político, apesar das diferenças programáticas e de visão de mundo que cada agremiação apresenta, o encontro teve um clima amistoso, com direitos a brincadeiras entre os candidatos, risada se uma salva de palmas no final.
Sem ataques
Não houve ataques entre si. O mais próximo que se chegou de um confronto ocorreu nas vezes em que Fabiana Sanguiné criticou o governo federal, mas esta não foi rebatida por Maria do Rosário, que nesta eleição representa a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva.
Críticas à atual gestão da prefeitura, às privatizações e ao sistema capitalista de produção dominaram os pronunciamentos. Todos criticaram veemente a possibilidade de privatização do Departamento Municipal de Águas e Esgotos (Dmae) e prometeram inspecionar ou até mesmo reverter a privatização da Companhia Carris Porto-Alegrense.
Cesar Pontes se demonstrou particularmente preocupado com o orçamento do município. Por diversas vezes dizia concordar com as propostas dos seus concorrentes, mas afirmava que pouco poderia ser feito com as finanças correntes no tesouro municipal.
Luciano Schaefer diz ter como ponto central de sua campanha a luta contra privatizações e prometeu realizar uma auditoria da dívida pública municipal caso eleito.
Sanguiné criticou se forma recorrente o agronegócio brasileiro, quem ela acredita ser culpada pelos incêndios que se alastram pelo país e poluem o ar do continente sul-americano e setor que afirmava ser sustentado pela União.
Já Rosário manteve a tônica de sua campanha, buscando apresentar suas propostas para diversas áreas do Porto Alegre – desta vez, sem precisar rivalizar com candidatos do centro à direita.
O funcionalismo foi temática constante, até porque dois blocos foram conduzidos a partir de perguntas do sindicato. Todos prometeram a valorização do salário do servidor público. A realização de concursos públicos também foi citada diversas vezes.
O debate foi organizado pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre e teve a mediação do jornalista Juremir Machado.
Ausência do prefeito é criticada por candidatos e gestão do Simpa
Quatro, ou seja, metade dos candidatos não compareceram ao evento. Juliana Brizola (PDT) chegou a confirmar presença e ser anunciada como participante, mas também foi ausência. Porém, a falta que foi alvo de críticas foi a do atual chefe do Executivo porto-alegrense, Sebatião Melo (MDB).
“É um desrespeito que o atual prefeito não venha ao debate com os servidores públicos municipais, porque estes servidores tem uma bolando para fazer da gestão. Mas, principalmente, porque são eles que quem ganhar a eleição vai trabalhar”, criticou Maria do Rosário (PT).
“Faz falta as ausência do Melo, do Camozzato, da própria Juliana Brizola, mas também tem uma diferença de projeto dentro dessa esquerda que são bem profundas, até por isso nossa candidatura está na rua”, pontuou Fabiana Sanguiné (PSTU).
“Queríamos o representante da atual prefeitura e dos partidos burgueses, mas infelizmente têm medo de enfrentar os servidores, a massa”, disse Luciano Schaefer (UP).
“Estamos aqui com os representantes do espectro ideológico de esquerda e acho que todos tem condições de se apresentar. São pessoas que recebem a condição dos seus próprios partidos”, amenizou Cesar Pontes (PCO).
A direção do Simpa também criticou especificamente a ausência do emedebista. “A ausência do prefeito Melo demonstra um desrespeito à categoria. Todos foram convidados muito antecipadamente e foi garantido o mesmo tratamento aos demais candidatos. Para nós é um desrespeito”, afirmou João Ezequiel, diretor-geral do sindicato.
O que dizem as assessorias dos candidatos ausentes
Contatada, a campanha de Melo enviou uma nota justificando a ausência. “A ausência do candidato Sebastião Melo ao debate do Simpa se deu em razão da indisponibilidade de agenda. Ele está se dividindo entre as funções de prefeito e candidato, o que amplia os compromissos diários e restringe os espaços na agenda”, diz o texto.
Juliana Brizola havia confirmado presença e inclusive seu nome compunha o material de divulgação do evento, mas, segundo sua assessoria, faltou por um “imprevisto na agenda”.