Superávit do “Petróleo e Derivados” atenua a queda de outros produtos, aponta FGV

Em agosto de 2024 o superávit da balança foi de US$ 4,8 bilhões

Crédito: Divulgação/Abicalçados

Desde maio de  2024, os saldos da balança comercial são inferiores aos registrados em igual período de 2023. Em agosto de 2024 o superávit da balança foi de US$ 4,8 bilhões, enquanto no ano anterior no mesmo mês foi de US$ 9,6 bilhões. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV\Ibre).

No acumulado do ano até agosto de 2023, o superávit foi de US$ 62,4 bilhões e para o ano de 2024 caiu para US$ 54,1 bilhões. O resultado é explicado pelo aumento das importações, +13,0% na comparação interanual do mês de agosto e de +6,6% na comparação do acumulado do ano até agosto, enquanto as exportações recuaram em agosto (-6,5%) ou registraram variação positiva (+1,1%), mas abaixo do resultado das importações.

No período de janeiro a agosto, separando a balança comercial entre o saldo de “Petróleo e Derivados (P&D)” e o saldo de “Outros Produtos (OP)”, desde 2014, há uma série de saldos. O desempenho é positivo desde 2017, passando de US$ 4,0 bilhões para US$ 20,3 bilhões, em 2024. O saldo de OP cai entre 2017 e 2019, depois aumenta, recua em 2022 e chega ao seu ponto máximo em 2023, US$ 48,5 bilhões. No acumulado do ano até agosto de 2024, o superávit caiu para US$ 33,8 bilhões. O saldo de P&D explicou 37,5% do saldo acumulado até agosto. O resultado da balança comercial de P&D ajudou, portanto, a reduzir o impacto da queda do superávit de OP.

MAIS EXPORTAÇÕES

A contribuição do P&D está associada ao aumento em volume das exportações (+17,9%), pois os preços cresceram +0,4%, na comparação do acumulado do ano até agosto. Nesse mesmo período as importações aumentaram em volume +0,4% e os preços recuaram em -0,3% (Gráfico 2). Na comparação interanual do mês de agosto, os preços das exportações e importações caíram e o volume exportado cresceu (+6,2%) acima do importado (+3,7%).

A ascensão do grupo de P&D no Brasil é explicada pelo aumento das exportações de petróleo bruto, que responderam, em agosto, por 72% das exportações totais do grupo. Para a China, o produto é o terceiro principal na pauta de exportação de agosto, com participação de 20,0%, é o primeiro na pauta dos Estados Unidos, com participação de 16,8%, o primeiro para a União Europeia, 25,6%, o primeiro para os países da América do Sul (excetuando a Argentina), 9,9% e o sexto para a Ásia (exceto China) com participação de 6,0%. Para esse último bloco, as exportações de óleos combustíveis estão em quarto lugar com particiapação de 10%.

O petróleo bruto respondeu por 55,7% das exportações da indústria extrativa em agosto de 2024, aumento de 1,4 pontos percentuais em relação a agosto de 2023. A participação da indústria extrativa (22,8%) superou a da agropecuária (20,6%), nas exportações de agosto, e no acumulado do ano até agosto: agropecuária(21,9%) e extrativa (24,9%). No caso do petróleo, além do aumento da produção doméstica, a Guerra da Ucrãnia contribuiu para o aumento das vendas, em especial, para a União Europeia.