A conferência “A Realidade Climática da Atualidade” abriu o segundo dia do 16º Congresso Estadual do Ministério Público, com foco nas transformações climáticas e seus impactos no Rio Grande do Sul. Ministrada pelo diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, Joel Avruch Goldenfum, a palestra foi realizada no Teatro Lupicínio Rodrigues, no Wish Serrano Resort, em Gramado, onde acontece o evento.
Além do diretor do IPH, a conferência foi moderada pelo vice-presidente administrativo e financeiro da Associação do Ministério Público do RS (AMP/RS), Fernando Andrade Alves, que destacou a necessidade de se discutir de forma técnica e sem viés político os desafios que o estado enfrentará com as mudanças no clima. “Após enfrentarmos essa enchente devastadora, estamos conseguindo, aos poucos, nos recuperar. Durante este congresso, buscamos revisar o ocorrido, entender nossa trajetória até aqui e refletir sobre as perspectivas futuras. É crucial que sejamos informados com precisão. Por isso, incluímos esse tópico para discussão. Aqui, oferecemos uma análise técnica, isenta de viés político, com o objetivo de fomentar uma discussão realista e indispensável”, destacou Alves.
Goldenfum falou sobre os eventos climáticos extremos registrados no Estado e destacou que a série histórica de inundações no Guaíba começou em 1889. Lembrou que, no segundo semestre de 2023, por exemplo, ocorreram três enchentes significativas, que culminaram com a maior cheia do Guaíba em maio. “Os fenômenos climáticos extremos estão se tornando mais recorrentes e o que surpreende é a velocidade com que isso está ocorrendo. Enfrentaremos anos mais úmidos no futuro, e eventos extremos, como secas e inundações, serão mais frequentes e intensos”, alertou.
O professor também sublinhou a importância de se adotar uma abordagem preventiva em relação aos impactos climáticos. Ele também afirmou que os desastres relacionados ao clima se tornarão mais comuns e severos. “Embora isso não seja novidade, há uma falta de crença em algumas pessoas. Em maio, as principais causas foram anomalias climáticas, mudanças no clima e uso inadequado do solo. É necessário restaurar as infraestruturas de proteção, estabelecer programas contínuos para a manutenção do sistema contra enchentes, além de formar equipes capacitadas para operar o sistema. Também é essencial educar a população através de iniciativas educativas e manter viva a memória dos eventos passados de enchentes”, enfatizou.