CNC eleva previsão para o setor de serviços em 2024

Avanço de 12% nas receitas de serviços impulsiona a revisão da

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Com o crescimento de 12% no volume de receitas em julho, o setor de serviços continua mostrando resiliência, mesmo com os reajustes de preços acima da média, conforme a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com base nesses dados, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revisou para cima sua previsão de crescimento do setor, que agora deverá atingir 2,4% em 2024, um aumento de 0,2 ponto percentual.

Embora a alta em julho tenha sido inferior ao avanço de 1,7%, registrado em junho, este é o quarto aumento mensal nos últimos cinco meses, posicionando o setor 15,4% acima dos níveis pré-pandemia. Das 31 atividades econômicas pesquisadas, 21 registraram crescimento no comparativo anual, o maior índice para o mês de julho desde 2021. O desempenho positivo foi impulsionado pela melhora do mercado de trabalho, que registrou a menor taxa de desocupação da história, e pela alta de quase 8% na massa real de rendimentos, em relação ao mesmo período do ano passado.

PERSPECTIVAS

A previsão de inflação para 2025, próxima ao teto da meta, e as expectativas de ajustes na taxa básica de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) devem continuar impactando o cenário econômico, mas de maneira menos acentuada no setor de serviços do que em outros segmentos.

“O setor de serviços continua sendo essencial para o crescimento da economia brasileira, sustentado pela retomada do mercado de trabalho e pelo aumento da renda. Mesmo em um ambiente de maior controle inflacionário, as perspectivas para o setor permanecem otimistas”, afirma José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac.

Apesar do aumento das receitas, o crescimento dos preços continua pressionando o setor de serviços. Em julho, os preços dos serviços subiram, em média, 0,75%, enquanto o IPCA geral variou 0,38%. A inflação dos serviços segue acima do índice geral, acumulando uma alta de 5% nos últimos 12 meses, mas ainda abaixo dos 5,6%, registrados até julho de 2023. “Mesmo com a pressão inflacionária, o forte desempenho do mercado de trabalho e o aumento da renda real têm sido fundamentais para sustentar o crescimento do setor”, observa o economista da CNC responsável pela análise, Fabio Bentes.

TURISMO

O turismo, no entanto, foi penalizado pelos reajustes das passagens aéreas, que subiram 19,6% em julho. Como resultado, o volume de receitas do setor recuou 0,9%, registrando o pior desempenho para o mês de julho desde 2021. As tarifas mais altas foram observadas nos trechos que conectam Santarém (PA) a Ilhéus (BA), com preços chegando a R$ 3.694,90, e Porto Seguro (BA) a Jericoacoara (CE), atingindo R$ 3.499, o que impactou negativamente o turismo nas regiões Norte e Nordeste.

Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a tarifa média dos voos domésticos superou a marca de R$ 600 por bilhete em julho. Ainda assim, no acumulado de 2024, o número de passageiros transportados aumentou 4,7% em relação ao ano anterior, impulsionado principalmente pelo crescimento de 18,8% nos voos internacionais, enquanto o turismo doméstico registrou crescimento mais modesto, de 1%.

Para o restante do ano, a CNC manteve a previsão de crescimento de 3% no volume de receitas turísticas, apesar do impacto dos preços elevados das passagens. “Os altos custos de transporte aéreo têm pressionado as receitas do setor, especialmente nas regiões mais distantes. No entanto, a recuperação do mercado de trabalho e a demanda reprimida por viagens podem trazer uma retomada no segundo semestre”, conclui Bentes.